Mudança de número 2 da Abin não pacifica Inteligência
Servidores da Abin mostram apreensão sobre um possível esvaziamento de funções e cobram uma reestruturação da agência
A escolha de Marco Aurélio Cepik por Lula para o posto de diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligênci (Abin) gerou descontentamentos internos. Representantes da entidade têm cobrado a nomeação funcionários da carreira para cargos de comando, como forma de estancar a crise na agência e evitar o que a estrutura tenha seu uso desviado para fins políticos.
Cepik é visto como um nome de fora. É pesquisador e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Desde o início do ano, ocupava a diretoria da Escola de Inteligência.
Ele integrou a equipe de transição do governo Lula em 2022. Foi de Cepik a proposta de desmilitarizar a agência e passá-la da subordinação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para a Casa Civil, este último ponto concretizado na reformulação da Esplanada.
Já a escolha dele é atribuída a uma vitória, ainda que momentânea, do atual diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, que conseguiu se manter no cargo apesar de pressões do entorno do presidente Lula pela sua substituição.
O clima na Abin
Enquanto isso, o clima dentro da agência permanece apreensivo e aumentou o temor sobre um possível esvaziamento de funções. A Abin é um órgão de assessoramento direto da Presidência, mas desde o início do governo Lula aumentaram os embates com a Polícia Federal, que também reivindica mais protagonismo no governo.
A Intelis, que é a entidade representante da categoria, tem cobrado a reformulação da Abin e a construção de um marco legal como forma de salvaguardar a funções da entidade. Uma das principais queixas é justamente sobre as recorrentes nomeações de policiais federais para postos de cúpula da agência, a exemplo do próprio Corrêa, e de Alessandro Moretti, diretor-adjunto substituído. Ambos são delegados federais.
Enquanto isso, a Presidência da República segue com ressalvas ao corpo de funcionários da agência e reforça cobranças sobre o atual diretor para mudanças.
Em uma entrevista a uma rádio de Pernambuco na terça-feira, 30, o presidente Lula comentou pela primeira vez sobre as investigações da Polícia Federal no caso da Abin Paralela. Disse que a escolha de Luiz Fernando Corrêa se deu porque o delegado havia sido diretor-geral da PF entre 2007 e 2010. Lula também afirmou que não conhecia mais ninguém dentro da Abin.
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