Os restos mortais de Antônio Marcos da Silva Costa, um jovem de 23 anos conhecido como Marcão, foram encontrados às margens da rodovia CE-085, em Barroquinha, litoral-oeste do Ceará. Marcão estava desaparecido desde 27 de agosto de 2023, após ter sido abordado por policiais do Batalhão Especializado em Policiamento do Interior (BEPI), na localidade de Lago Seco, em Camocim, a 350 km de Fortaleza.

A ossada foi descoberta em 18 de dezembro de 2023, numa estrada que dá acesso à localidade de Junco, próxima à Timbaúba e à rodovia que conecta Barroquinha a Camocim. Segundo a polícia, exames realizados no crânio e na arcada dentária confirmaram a identidade de Marcão. O velório e o sepultamento do jovem ocorreram em Camocim na última sexta-feira (26).

Antecedentes do caso e prisões dos policiais

No dia do desaparecimento, Antônio Marcos e outros dois homens foram abordados pelos policiais enquanto estavam em uma barraca de praia. Os três foram levados pelos agentes; no entanto, somente dois retornaram para casa no dia seguinte, denunciando terem sido vítimas de tortura. Marcão jamais foi localizado. Depoimentos de amigos sugerem que ele pode ter discutido com um dos agentes, o que poderia ter motivado o incidente.

Oito policiais – o sargento Cristiano Oliveira Sousa e os soldados Samuel Santiago de Lima, José Márcio Carneiro Almada, Eduardo Florêncio da Silva, Wellington Xavier de Farias, José Márcio Barroso da Silva Júnior, Josinaldo Ferreira Barbosa Monteiro e o cabo Demairton Cipriano Silva – foram presos em Fortaleza, sob a acusação de estarem envolvidos no desaparecimento de Marcão. A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) instaurou um Conselho de Disciplina para apurar as condutas dos militares.

Investigações em curso

Apesar do avanço da investigação com a localização e identificação da ossada, o caso ainda não está encerrado. A CGD reitera que a investigação é sigilosa e ainda está em andamento. O órgão já havia determinado o afastamento preventivo dos agentes por um período de 120 dias, a fim de permitir a condução das investigações. A Polícia Militar afirmou que as investigações ocorrem em segredo de Justiça.

O caso de Marcão trouxe à tona questões sobre o protocolo de ação policial, o tratamento dos detidos e a obrigação de registro e reporte de todas as ocorrências por parte das autoridades policiais. O desaparecimento de Marcão e a agonia vivida por seus familiares e amigos evidenciam a necessidade de maior transparência e responsabilidade neste processo.