Alexandre Soares na Crusoé: “Literatura não é para ‘dar oportunidades’”
Em artigo publicado em Crusoé, Alexandre Soares Silva fala sobre a decisão da Fuvest de excluir todos os autores homens das listas de leitura obrigatória até 2029...
Em artigo publicado em Crusoé, Alexandre Soares Silva fala sobre a decisão da Fuvest de excluir todos os autores homens das listas de leitura obrigatória até 2029. Leia um trecho:
“Vou dizer o que mais me irrita nessa polêmica da Fuvest excluir todos os autores homens das listas de leitura obrigatória até 2029: é que as pessoas que mais exigem cotas disso e daquilo para a literatura são as que menos se importam com literatura.”
“Essa é uma regra universal. Há pessoas que se interessam por coisas e há pessoas que se interessam pela política das coisas; isto é, há pessoas que se interessam pelas coisas em si e há pessoas que não se interessam nada pelas coisas em si, mas se juntam parasiticamente a essas coisas porque estão interessadas na recepção política dessas coisas.”
“Enfim, é isso: há pessoas que se interessam por coisas e há pessoas que se interessam por política. Há pessoas que se interessam por coisas e há pessoas que se interessam pelo poder que essas coisas podem dar; e esses dois tipos não se misturam jamais.”
“Percebi isso pela primeira vez na faculdade. Os estudantes que mais se interessavam por política estudantil eram invariavelmente os que menos se interessavam pela sua área de estudo. O estudante de letras que entrava para o ativismo não abria um livro de literatura; o de medicina que virava uma pequena estrela da política estudantil era capaz de não saber de que lado ficava o seu fígado.”
“Isso envolve todas as esferas de política — isto é, de poder, mesmo que seja um poder bem pequeno e mesquinho. O homem que vira presidente de um clube de filatelia é aquele entre os membros do clube que menos se interessa por filatelia; ele faz isso porque a presidência é a única posição dentro do clube em que ele não precisa só ficar mexendo com selos. Agora ele pode falar de contabilidade, locação do espaço, alvará na prefeitura, regras internas e outras coisas assim, que evidentemente o interessam mais que a porcaria dos selos.”
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