O eixo Lula-Joesley-Lewandowski
Enquanto cogita indicar o atual consultor de Joesley e Wesley Batista, Ricardo Lewandowski, para a vaga de Flávio Dino no Ministério da Justiça e Segurança Pública, Lula já facilita a vida dos...
Enquanto cogita indicar o atual consultor de Joesley e Wesley Batista, Ricardo Lewandowski (foto, à esquerda), para a vaga de Flávio Dino no Ministério da Justiça e Segurança Pública, Lula (foto, à direita) já facilita a vida dos clientes do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, liberando uma empresa dos irmãos Batista a comprar energia elétrica da Venezuela.
A fornecedora é a hidrelétrica Simón Bolívar, mais conhecida como Guri, e a importação será feita pela comercializadora da Âmbar, braço de energia da J&F Investimentos.
“A Âmbar sugeriu, e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aceitou, que o consumidor pague de R$ 900 a R$ 1.080 pelo MWh (megawatt-hora), a depender do montante importado. Os preços são bem superiores aos cobrados pela Venezuela de 2001 até 2019, quando o governo Jair Bolsonaro (PL) suspendeu o fornecimento faltando dois anos para o encerramento do contrato”, registra a Folha na reportagem intitulada “Lula libera empresa de Joesley a comprar energia da Venezuela, e Brasil pagará mais caro”.
No fim da matéria, lê-se o seguinte:
“Além da questão do preço, especialistas da área de energia dizem que faltam detalhes sobre o item vital, a segurança do fornecimento. Afirmam que, apesar de Lula e outros representantes do governo falarem que a suspensão do contrato com a Venezuela foi ideológica, o que realmente pesou foi o critério técnico. Roraima sofria com quedas de energia. Chegou a ter dez em um único dia.
O corte definitivo ocorreu após um mega-apagão na Venezuela que afetou Roraima e foi atribuído à falta de manutenção na linha de transmissão do país vizinho, apesar de o governo Maduro apresentar a versão de que foi sabotagem.
A Folha apurou que técnicos em Roraima têm uma preocupação adicional. Argumentam que não parece racional retomar a importação no momento em que Maduro ameaça anexar Essequibo, região que corresponde a 70% do território da Guiana.
Roraima faz fronteira com os dois países e linhas de transmissão são alvo em conflitos territoriais, afirmam.”
A volta — a qualquer custo, pelo visto — da relação entre empresários amigos e ditadores camaradas é uma das frentes de atuação do governo Lula, que também já apresentou ao Congresso Nacional um projeto de lei que propõe autorizar o BNDES a retomar financiamentos a obras e outros serviços prestados por empresas brasileiras no exterior.
O governo Lula também vem desmantelando a blindagem dos fundos de pensão e da Petrobras, onde conta ainda com a liminar do próprio Lewandowski que liberou indicações políticas às empresas públicas.
Como também mostramos, foi para o processo em que a J&F tenta anular a venda da Eldorado Brasil que os irmãos Batista contrataram o ministro aposentado, indicado por Lula ao STF em 2006. Em 2021, o então ministro Lewandowski havia proferido decisão favorável a Joesley em outro caso, evitando que o empresário desembolsasse 670 milhões de reais. Duas semanas após a aposentadoria, Lewandowski garantiu 800 mil reais por um parecer favorável a Joesley, valor que ainda pode dobrar em caso de vitória judicial.
Em 6 de novembro de 2023, em pedido direcionado ao ministro Dias Toffoli, do STF, a J&F ainda alegou ter sido alvo de um “achaque” pelos investigadores da Lava Jato e de operações correlatas, o que teria levado o grupo a se desfazer de ativos, entre eles a Eldorado. A J&F requer a extensão dos efeitos da decisão do ministro que anulou, em setembro, as provas do acordo de leniência da Odebrecht.
Toffoli, indicado à Corte por Lula em 2009, foi um dos principais parceiros de Lewandowski no Supremo contra a força-tarefa anticorrupção e em defesa do atual presidente da República. Sua esposa, Roberta Rangel, é uma das advogadas da J&F.
Joesley Batista sabe escolher advogados, consultores e juízes. Quem paga caro é o Brasil.
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