Josias Teófilo na Crusoé: Somos condenados ao moderno?
Em sua coluna semanal para Crusoé, Josias Teófilo traz nesta edição uma reflexão sobre a cultura brasileira que ainda tem raízes antigas. A começar pelo componente essencial da cultura, a língua portuguesa...
Em sua coluna semanal para Crusoé, Josias Teófilo traz nesta edição uma reflexão sobre a cultura brasileira que ainda tem raízes antigas. A começar pelo componente essencial da cultura, a língua portuguesa.
Somos condenados ao moderno. É o que diz o crítico de arte Mário Pedrosa, numa sentença que foi reproduzida à exaustão. Virou nome de livro e de capítulo de livro, título de dissertação de mestrado, tese de doutorado, exposição, mostra etc. Existem algumas frases que tem a força de moldar o imaginário. É o caso desta frase, escrita no texto Brasília, Cidade Nova. Onde ele diz: “O nosso passado nos é fatal, pois nós o refazemos todos os dias. E bem pouco preside ele ao nosso destino. Somos, pela fatalidade mesma da nossa formação, condenados ao moderno. A nossa modernidade é tão radical que, coisa rara entre os estados, temos certidão de batismo: 22 de abril de 1500. Antes disso, simplesmente não existíamos.”
O Brasil já nasceu oficialmente dentro da modernidade, ou seja, na Idade Moderna, iniciada com a queda de Constantinopla, em 1453. E só tornou-se um país independente há duzentos e um anos.
Mas a cultura brasileira tem raízes antigas. A começar pelo componente essencial da cultura, a língua portuguesa. A língua portuguesa é uma língua neolatina, formada a partir do latim vulgar. Por isso foi chamada por Olavo Bilac de “a última flor do lácio, inculta e bela”.
A língua, por si só, nos conecta a um passado antigo. Escreve Fustel de Coulanges no livro A Cidade Antiga: “O contemporâneo de Cícero serve-se de uma língua cujas raízes são extremamente antigas; essa língua, exprimindo o pensamento de épocas passadas, foi modelada de acordo com esse modo de pensar, guardando o cunho que o mesmo transmitiu de século para século. O sentido íntimo de uma raiz pode às vezes revelar uma antiga opinião ou um antigo costume; as ideias transformaram-se, e os costumes desapareceram, mas ficaram as palavras, imutáveis testemunhas de crenças desaparecidas.”
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