Orlando Tosetto na Crusoé: O anticlímax da República
Em sua coluna para a edição de número 290 da Crusoé, Orlando Tosetto Júnior traz uma reflexão sobre a Proclamação da República em novembro de 1889. Que até hoje é cheia de fatos, virtudes e vultos que celebramos anteontem, 15...
Em sua coluna para a edição de número 290 da Crusoé, Orlando Tosetto Júnior traz uma reflexão sobre a Proclamação da República em novembro de 1889. Que até hoje é cheia de fatos, virtudes e vultos que celebramos anteontem, 15.
Em novembro de 1889 já existia e era popular uma coisa chamada fotografia; entretanto, o ato do marechal Deodoro da Fonseca – a Proclamação da República – não foi fotografado (ou, se foi, as fotos não nos chegaram). Virou, quatro anos depois, um quadro do pintor Benedito Calixto. Um quadro meio confuso, cheio de cavalos e canhões e fumaça – um quadro meio profético – no qual o proclamante ou proclamador, ainda que esteja ao centro, aparece minúsculo e erguendo não uma espada, mas um chapeuzinho. Ora, é difícil a gente se emocionar com um herói que erga um chapeuzinho em vez de um gládio, mas assim começou, em clima de anticlímax, a nossa república: não com um estrondo, apesar do fumacê, mas com um anauê.
Fosse como fosse, anticlimática ou não, a coisa valeu, e desde então estamos assim, republicanos, vivendo sob as virtudes que a “coisa pública” nos inspira, nos faz inalar sem cessar.
Uma dessas virtudes é a sucessão de Constituições: uma em 1891, outra em 1934, outra em 1937, mais uma em 1946, outra em 1967 e a vigente, de 1988, emendada 143 vezes (até hoje) e posta em dúvida outras tantas pelas idas e vindas dos tribunais. Isso pode fazer o amigo pensar que a República, ou, vá, a nossa República, é um sistema muito instável do ponto de vista legal, principalmente se a gente considerar que o Império teve uma Constituição só, a de 1824. Engano seu, amigo. Não deixe que essa pobreza, essa falta de imaginação constitucional da Coroa te iluda. Cuidado, assim você ficar até parecendo antidemocrático.
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