ONU coloca Irã para presidir fórum de direitos humanos, mas quer ser levada a sério
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ONU coloca Irã para presidir fórum de direitos humanos, mas quer ser levada a sério

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Madeleine Lacsko
4 minutos de leitura 31.10.2023 17:15 comentários
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ONU coloca Irã para presidir fórum de direitos humanos, mas quer ser levada a sério

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ONU coloca Irã para presidir fórum de direitos humanos, mas quer ser levada a sério
Arte: O Antagonista

A primeira grande derrota mundial na guerra entre Israel e Palestina é a ONU. Isso não é bom para ninguém. Após os horrores do Holocausto na Segunda Guerra Mundial, se decidiu criar um espaço de diálogo entre as nações para que aquilo nunca mais se repetisse. Aparentemente falhamos e não temos a menor noção do que colocar no lugar.

Neste feriadão, durante os dias 2 e 3 de novembro, o Irã foi designado pela ONU para presidir o Fórum Social do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra. São reuniões anuais que duram geralmente dois dias e debatem temas específicos.

O tema deste ano será “contribuição da ciência, tecnologia e inovação para a promoção dos direitos humanos, incluindo o contexto da recuperação pós-pandemia”. Já seria algo absurdo por si, mas o timing piora ainda mais as coisas.

Esta semana foi enterrada em Teerã a adolescente Armita Garawand, de 16 anos de idade. Ela foi mais uma vítima da “polícia de costumes” do país. Acusada de usar o hijab de forma errada, foi espancada até ficar desacordada no metrô. No último dia 22 de outubro, foi decretada a sua morte cerebral.

Durante o enterro dela, a polícia de costumes prendeu a advogada de direitos humanos Nasrin Sotoudeh, renomada internacionalmente. Ela foi à cerimônia sem usar um hijab.

No mesmo dia em que Armita morreu, o Irã condenou a 20 anos de prisão duas jornalistas mulheres, Niloofar Hamedi e Elaheh Mohammadi. Elas foram acusadas pelo governo de agir contra a segurança nacional porque noticiaram o assassinato da jovem Mahsa Amini no ano passado. Mahsa também foi assassinada pela polícia de costumes por um problema com o uso do hijab.

Esse assassinato detonou protestos em todo o país. Há mais de 40 jornalistas presos por ele. Execuções políticas passaram a ser permitidas.

Não bastasse isso, o Irã é apoiador e financiador de dois grupos terroristas envolvidos até o pescoço com a barbárie cometida contra cidadãos civis de Israel, Hamas e Hezbollah. Nem os países árabes totalmente favoráveis à causa palestina são favoráveis a esses dois grupos terroristas. Aliás, países árabes costumam atacar esses grupos pelo risco que representam na região.

É justamente neste momento que a ONU resolve colocar o Irã para presidir o Fórum Social do Conselho de Direitos Humanos.

Há quem argumente que todos os países precisam participar para abertura de diálogo. Eu concordo com isso. Ocorre que participar não é o mesmo que presidir, que ter protagonismo. Relatórios oficiais da própria ONU dão conta das violações sistemáticas de direitos humanos no país há décadas.

A ONU foi criada para que a Declaração Universal dos Direitos Humanos fosse respeitada internacionalmente como instrumento inegociável. O Irã é um dos países que, desde o surgimento da ONU, pioraram muito sua situação de direitos humanos.

O regime dos aiatolás fez com que gente com a vida muito parecida com a nossa passasse a ser subjugada por uma ditadura teocrata, machista e violenta. Se essa história é a que tem liderança na área de direitos humanos, qual é a proposta real da ONU? Que todo mundo siga isso?

A ONU chegou a incluir o Irã na comissão dedicada ao empoderamento das mulheres. O país acabou expulso no ano passado, devido a uma moção dos Estados Unidos. É uma lição que muita gente julgava ter sido aprendida.

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