Na reunião de ditaduras do BRICS, Putin fala em nova ordem mundial Na reunião de ditaduras do BRICS, Putin fala em nova ordem mundial
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Na reunião de ditaduras do BRICS, Putin fala em nova ordem mundial

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Madeleine Lacsko
4 minutos de leitura 23.10.2024 21:39 comentários
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Na reunião de ditaduras do BRICS, Putin fala em nova ordem mundial

E nós, brasileiros, precisamos saber: de que lado estamos? Não adianta os tradutores de político tentarem suavizar.

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Na reunião de ditaduras do BRICS, Putin fala em nova ordem mundial
Arte: O Antagonista

Estamos ignorando algo que acontece às claras: um plano sendo executado publicamente, passo a passo, enquanto ficamos distraídos com a enxurrada de notícias descartáveis. O jornal de ontem embrulha o peixe de hoje e não vemos o cenário mais amplo. As manchetes sobre “moeda comum dos BRICS” e “novo meio de pagamento” podem ser tratadas como uma novidade da semana. Na verdade, esse plano está em andamento há mais de uma década.

Na última reunião do BRICS, o ditador russo Vladimir Putin anunciou: “A nova ordem mundial está em andamento.” Essa expressão é curiosa. Para diferentes grupos políticos, “nova ordem mundial” significa coisas completamente distintas. No campo da direita, ela pode evocar a Agenda 2030 da ONU ou as reuniões do Banco Mundial, com bilionários ditando o futuro. Para Putin, no entanto, o significado é bem diferente.

Putin, ao invadir a Ucrânia, esperava uma vitória rápida. A Ucrânia resistiu, e as democracias europeias acordaram. Não demorou para que as sanções caíssem sobre a Rússia, com o corte do sistema Swift sendo um dos golpes mais duros. O Swift é um sistema transnacional de pagamentos, controlado por países democráticos. Quando cortaram a Rússia dele, empresas russas ficaram sem receber pagamentos, e o país sofreu boicotes de várias naturezas.

A tal “nova ordem mundial” que Putin menciona visa a criação de um sistema alternativo de pagamentos, onde ele não possa ser sancionado por democracias fortes. O plano não começou ontem. Suas raízes estão no primeiro governo Dilma e nos movimentos de Lula para fortalecer o BRICS. A criação do Banco do BRICS, um banco de desenvolvimento que não depende do FMI ou dos Estados Unidos, foi um passo nesse caminho. Um banco que o Brasil ajudou a construir, com aprovação no Senado e votos favoráveis até de liberais, como se fosse uma ideia inofensiva.

Mas aqui está o problema: nós, brasileiros, estamos acostumados com políticos que fazem promessas vazias. Quando um presidente diz que vai construir algo grandioso, já esperamos que seja só conversa. Esse hábito nos faz tratar Rússia e China com o mesmo desdém. Achamos que as reuniões do BRICS são apenas um teatro, que o que falam é para preencher manchetes. Mas eles são diferentes. Eles planejam e são capazes de executar.

O que estamos vendo agora é a execução de um plano iniciado há anos: a construção de um bloco econômico que não depende do Ocidente para operar. A criação de um sistema de pagamento próprio, de uma moeda comum, significa que, se houver uma “encrenca” fora, como as sanções que Putin enfrenta, o bloco pode continuar funcionando. Para Putin, a “nova ordem mundial” é uma forma de consolidar seu poder, evitar os efeitos das sanções e, de quebra, manter sua ditadura sólida e estável.

O Brasil está profundamente envolvido nisso. Desde a criação do Brics há um planejamento de aumento do comércio com a Rússia, que tem diversas metas. Desde o início do terceiro governo Lula, a dependência brasileira de combustíveis e fertilizantes russos explodiu. Isso não é apenas uma questão econômica. É uma tomada de lado clara. E essa tomada de lado nos coloca do lado errado da verdadeira polarização global, que não é mais entre direita e esquerda. A nova divisão é entre democracias e regimes autoritários.

O BRICS se tornou um bloco com uma composição cada vez mais evidente. E nós, brasileiros, precisamos saber: de que lado estamos? Não adianta os tradutores de político tentarem suavizar. Não é uma questão de “mal-entendido” ou de “ele não quis dizer isso.” O governo sabe o que está fazendo. Agora, falta ao Brasil entender, decidir o que pensa e decidir se vai fazer alguma coisa ou aceitar como sempre.

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