O empresário bolsonarista Luciano Hang prestou depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (29). Senadores da comissão suspeitam que o dono da Havan esteja envolvido com a divulgação de fake news sobre a pandemia e com o “Ministério da Saúde paralelo”.

Hang negou que o atestado de óbito da mãe tenha sido fraudado e admitiu que ela recebeu medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus.

O empresário admitiu que financiou a distribuição de kit Covid em Santa Catarina.

Saiba tudo o que disse Luciano Hang:

Morte da mãe

• Luciano Hang admitiu à CPI que a mãe tomou medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid. Em vídeo divulgado em fevereiro, o empresário afirmou que ela poderia ter sido salva se tivesse usado o kit Covid “de forma preventiva”.
• Para explicar a declaração, o dono da Havan tentou fazer uma distinção entre “tratamento precoce” e “tratamento preventivo”. Segundo ele, a mãe recebeu cloroquina e ivermectina apenas depois do diagnóstico de Covid.
• Hang negou que o atestado de óbito da mãe, que não menciona a infecção por coronavírus, tenha sido fraudado. O empresário atribuiu o erro a um plantonista da Prevent Senior e disse que ele foi corrigido.
• O depoente alegou que achou “estranho” o fato de o documento não citar a doença, mas não questionou por ser “leigo” em medicina.

Financiamento de fake news

• Luciano Hang admitiu que recursos de publicidade da Havan podem ter ajudado a financiar sites alinhados ao governo federal ou que promoveram fake news ao longo da pandemia. Segundo ele, a empresa investe R$ 250 milhões em propaganda.
• O dono da Havan afirmou que nunca patrocinou o Terça Livre, investigado pela disseminação de notícias falsas. Mensagens de texto exibidas pela CPI mostram que Alan Santos, que comanda o site, procurou Eduardo Bolsonaro em busca do contato de Hang para um possível patrocínio. O empresário afirmou aos senadores que “pode ter conversado” com o blogueiro.
• O depoente admitiu que tem contas no exterior “declaradas no exterior”. Para os senadores, elas foram usadas para o financiamento de fake news.
• Hang também disse que não ajudou a financiar os atos golpistas de 7 de Setembro.

Campanha de 2018

• Luciano Hang negou que tenha pressionado seus funcionários a votarem em Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018. A CPI exibiu vídeos em que ele aparece fazendo ameaças de que lojas da Havan poderiam fechar se o então candidato não fosse eleito. “Se isso não é ameaça, não sei o que é”, comentaram os senadores.
• O empresário afirmou que não patrocinou disparos em massa de mensagens de Whatsapp durante a campanha eleitoral, como publicou a Folha.
• Hang admitiu que impulsionou uma publicação favorável ao presidente no Facebook em agosto daquele ano, alegou que “não sabia” que isso não era permitido pelo TSE e que pagou multa pela contravenção.

“Ministério da Saúde paralelo”

• Luciano Hang negou ter colaborado com o “Ministério da Saúde paralelo”, grupo que aconselhava o governo federal em seu negacionismo.
• O empresário, no entanto, admitiu que fez campanha para distribuir o chamado kit Covid, arrecadando dinheiro para a compra dos medicamentos sem eficácia comprovada para a distribuição em Santa Catarina. Ele afirmou que a campanha não foi realizada como política pública.
• O dono da Havan chamou o lockdown de “idiotice” e disse que prefeitos e governadores usaram a pandemia politicamente.

Vacinas

• Luciano Hang afirmou que não tomou a vacina contra a Covid e não pretende tomar.
• Apesar disso, admitiu que tentou comprar Coronavac de intermediários, para imunizar funcionários da Havan. Ele disse que não compraria as doses dos fornecedores do Ministério da Saúde para “não prejudicar o SUS”.
• Hang negou que tenha intermediado o contato entre empresas que tentavam vender vacinas e o governo federal, como a Belcher.
• Ele também que lojas suas serviram como postos de vacinação.

Vídeo com algemas

• Luciano Hang afirmou que o vídeo em que aparece com uma algema após ser convocado para a CPI foi, na verdade, uma “brincadeira”: “Foi um momento de humor.”
• Segundo os senadores, essa foi uma “desculpa esfarrapada”.