Quem é Roberto Jefferson?
O ex-deputado Roberto Jefferson foi preso nesta sexta-feira (13) por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes. Na decisão, o ministro diz que Jefferson “faz parte do núcleo político” que atua para “desestabilizar instituições republicanas”...
O ex-deputado Roberto Jefferson foi preso nesta sexta-feira (13) por determinação de Alexandre de Moraes. Na decisão, o ministro diz que Jefferson “faz parte do núcleo político” que atua para “desestabilizar instituições republicanas”.
Depois de denunciar o escândalo do mensalão, ser condenado pelo STF e preso, Jefferson se tornou bolsonarista de coração e passou a imitar o presidente em seus ataques à democracia, com ainda menos pudor, e entrou no escopo de investigações no Supremo.
Saiba tudo sobre Roberto Jefferson:
Carreira
Roberto Jefferson Monteiro Francisco nasceu em Petrópolis, em 1953. Ao completar 18 anos, em 1971, filiou-se ao MDB, legenda em que permaneceria até 1980, quando migrou para o PP. No mesmo ano, filiou-se ao PTB, partido de seu pai e seu avô.
Jefferson formou-se em direito pela Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, em 1979.
Em 1981, passou a apresentar o programa popular “O Povo na TV”, na antiga TVS, que o consolidou como “o advogado dos pobres” e o fez ganhar a notoriedade necessária para se eleger deputado federal no ano seguinte, em 1982.
Roberto Jefferson foi deputado federal por seis mandados, entre 1983 e 2005, quando foi cassado.
Em 2003, foi eleito presidente nacional do PTB pela primeira vez.
Tropa de choque de Collor
Roberto Jefferson foi um dos líderes da chamada tropa de choque de Fernando Collor durante o processo de impeachment, em 1992.
O então deputado e outros parlamentares faziam de tudo para tentar abafar as denúncias de corrupção contra o governo.
Os esforços não foram suficientes, e Collor acabou tendo que renunciar antes da conclusão do processo de impeachment.
Mensalão
Em 2005, o funcionário dos Correios Maurício Marinho apareceu em vídeo obtido pela Veja, recebendo propina e contando sobre um esquema montado dentro da estatal para desvio de dinheiro dos contratos com outras empresas.
Na filmagem, ele cita o envolvimento de Roberto Jefferson. Depois de ser mencionado, o então deputado decidiu denunciar, em uma entrevista à Folha, que o PT pagava uma mensalidade de R$ 30 mil a deputados do PP e do PL para que eles votassem de acordo com seus interesses na Câmara. O escândalo ficou conhecido como mensalão.
O PL pediu a cassação do mandato de Jefferson. Ao Conselho de Ética, ele admitiu que o PTB tinha recebido R$ 4 milhões do PT sem declarar à Justiça Eleitoral e disse que tinha contado ao então Chefe da Casa Civil, José Dirceu, tudo sobre o mensalão e a participação do tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Jefferson tentou isentar Lula de qualquer responsabilidade.
Durante o funcionamento da CPI dos Correios, que ivestigava o caso, Jefferson apareceu de olho roxo. Ele alegou que teria sido vítima de um acidente doméstico. O então deputado acabou cassado.
No julgamento do mensalão, em 2012, o STF condenou o ex-deputado a 7 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em 2015, ele passou a cumprir a pena em regime semiaberto e, em 2016, recebeu indulto natalino, que encerrou sua pena.
Manifestações contra a democracia
Durante o governo de Jair Bolsonaro, Roberto Jefferson deu uma guinada em seu discurso. Ele se tornou um bolsonarista radical à medida que o presidente intensificou seus ataques às instituições.
Durante a pandemia, Jefferson passou a endossar as falas de Bolsonaro contra a decisão do STF que, segundo ele, impediu o governo federal de agir durante a pandemia. A narrativa já foi desmentida pelo Supremo.
O ex-deputado, reabilitado politicamente via redes sociais, passou a ser presença constante também em protestos e motociatas, a defender o fechamento da Corte e atacar pessoalmente os ministros, assim como governadores e prefeitos que defendiam medidas restritivas contra a Covid.
O comportamento fez com que Alexandre de Moraes incluísse Jefferson no inquérito dos atos antidemocráticos (que foi encerrado e deu lugar ao inquérito da milícia digital) e no inquérito das fake news.
As investigações apontam que o ex-deputado pode ter usado o fundo partidário para a produção e disseminação de fake news nas redes sociais.
Roberto Jefferson foi alvo de mandados de busca e apreensão e teve perfis nas redes sociais suspensos por determinação de Alexandre de Moraes no curso nas investigações.
Em meio às diligências, o presidente do PTB continuou a ofender Moraes e o STF. Ele já chamou a corte, por exemplo, de “Tribunal do Reich”, “organização criminosa” e disse que o ministro é “advogado do PCC”.
Prisão
Nesta sexta-feira (13), o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva de Roberto Jefferson no âmbito do inquérito das milícias digitais. A investigação substitui o inquérito dos atos antidemocráticos.
Na decisão, o ministro afirma que o ex-deputado “faz parte do núcleo político” que atua para “desestabilizar instituições republicanas” , por meio de uma rede virtual de apoiadores.
Moraes cita que há fortes indícios de que Jefferson tenha praticado os crimes de calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime, apologia ao crime ou criminoso, associação criminosa, denunciação caluniosa e delitos previstos na Lei de Segurança Nacional.
Em áudios enviados no grupo de Whatsapp do PTB, minutos antes de ser preso, o autointitulado “leão conservador” ameaçou Moraes e disse que o STF é financiado pela China para manter a esquerda no poder, com um “mensalão chinês”.
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