Wokismo: Delta Airlines bane “senhoras e senhores”
A adoção da agenda woke pela Delta, sob a liderança de Ed Bastian, levanta questões sobre o equilíbrio entre a promoção de valores identitários e a manutenção da conexão com o público em geral
A Delta Airlines, uma das maiores companhias aéreas do mundo, implementou recentemente uma mudança em sua comunicação com os passageiros que está chamando atenção: ela eliminou a saudação tradicional “senhoras e senhores” dos anúncios nos portões de embarque.
A alteração, apresentada como um passo em direção à inclusão, foi liderada por Keyra Lynn Johnson, diretora de Diversidade, Equidade, Inclusão e Impacto Social da empresa. A decisão reflete um movimento crescente dentro da Delta para adotar práticas mais alinhadas com a agenda woke, um termo amplamente associado à adoção de políticas radicais progressistas por grandes corporações.
O CEO da Delta, Ed Bastian, tem sido uma figura central nessa transformação. Conhecido por suas posições firmes em questões sociais e políticas, Bastian colocou a Delta no centro do debate público sobre o papel das empresas na promoção de valores de esquerda.
Em 2018, ele cancelou um programa de descontos para membros da National Rifle Association (NRA) após o tiroteio em uma escola de Parkland, o que provocou uma reação imediata dos defensores de direitos de armas. Bastian, no entanto, manteve sua posição, afirmando que era crucial para a Delta estar alinhada com os valores que considera fundamentais.
A mudança na linguagem dos anúncios faz parte de um esforço maior da Delta para se tornar uma empresa “mais inclusiva”. Keyra Lynn Johnson, que lidera as iniciativas woke na empresa, destacou que a decisão foi motivada pela necessidade de refletir melhor a diversidade de identidades de gênero entre os clientes da empresa. Desde 2020, a Delta tem revisado suas práticas internas, incluindo a comunicação com os passageiros, para garantir que sejam consistentes com os valores progressistas que promove.
Essa postura não passou sem críticas. Victor Davis Hanson, um comentarista político, argumenta que o movimento woke que está sendo adotado por líderes corporativos como Bastian não é um reflexo de uma demanda popular, mas sim de uma elite desconectada da realidade da maioria. Ele destaca a hipocrisia percebida em CEOs que, enquanto condenam o racismo nos Estados Unidos, continuam a fazer negócios com países como a China, onde ocorrem graves violações dos direitos humanos.
Para muitos críticos, essas ações são vistas como mera sinalização de virtude e farisaísmo, em que as empresas buscam projetar uma imagem de justiça social sem realmente abordar as questões que afetam o dia a dia dos consumidores. Hanson aponta que essa revolução woke é impulsionada por uma elite que utiliza essas ações como uma forma de seguro de carreira, assegurando sua posição de poder ao adotar uma postura ostensivamente moralizante.
Ed Bastian reconheceu que sua postura em temas sociais não foi fácil. Em entrevista recente, ele afirmou que, embora as críticas tenham sido intensas, ele não se arrepende de ter defendido o que considera ser os valores corretos para a empresa.
A questão central para muitos é até que ponto essas mudanças refletem as necessidades e desejos reais dos clientes da Delta. Enquanto a empresa busca se alinhar com valores progressistas, há uma preocupação crescente de que essa abordagem possa alienar uma parte significativa de sua base de clientes. A verdadeira inclusão, segundo os críticos, deveria ser construída com base no respeito às diversas opiniões e identidades, e não imposta de forma unilateral.
A adoção da agenda woke pela Delta, sob a liderança de Ed Bastian, levanta questões sobre o equilíbrio entre a promoção de valores identitários e a manutenção da conexão com o público em geral.
Quem lacra não lucra?
O slogan “go woke, go broke” (“Seja woke, vá à falência”, em tradução livre) tem ganhado força como uma crítica crescente às empresas que adotam políticas progressistas ou “woke”.
Essa expressão reflete a percepção de que marcas que promovem agendas políticas, especialmente as relacionadas à extrema-esquerda e ao transativismo, acabam sofrendo perdas financeiras significativas. Recentemente, essa crítica se manifestou com mais intensidade após resultados de pesquisas e acontecimentos que indicam uma reação negativa do público.
A edição de 2024 da pesquisa Global Advisor LGBT+, conduzida pela Ipsos, revelou uma queda no apoio às campanhas de marketing que promovem causas LGBT+ em 23 países. O apoio médio, que era de 49% em 2021, caiu para 44% em 2024. A pesquisa, que entrevistou mais de 18 mil pessoas em 26 países, também mostrou que 36% dos entrevistados se dizem neutros sobre o tema, enquanto 19% expressam oposição ou forte oposição a esse tipo de movimento.
Essa mudança de percepção foi acompanhada por quedas nas vendas de marcas que adotaram campanhas vistas como woke. Um exemplo notório é o da Bud Light, que enfrentou um boicote significativo nos Estados Unidos após lançar uma campanha com uma influenciadora transgênero. O resultado foi uma queda acentuada nas vendas e a demissão de executivos de marketing. Da mesma forma, a Target teve que reposicionar sua coleção “Orgulho LGBT+” em locais menos visíveis nas lojas após reações negativas do público.
Os slogans “go woke, go broke” e “quem lacra não lucra” capturam a crítica de que o uso de causas políticas no marketing pode alienar consumidores e prejudicar as finanças das empresas. A queda no apoio às campanhas woke, como evidenciado na pesquisa da Ipsos, reforça a ideia de que as empresas precisam ser cautelosas ao associar suas marcas a movimentos políticos radicais.
Especialistas alertam que para evitar consequências negativas, as marcas precisam ser autênticas e consistentes em seu apoio às causas que promovem. A percepção de oportunismo, quando não acompanhada de ações efetivas e genuínas, pode levar a uma reação adversa por parte dos consumidores, tanto dos que apoiam quanto dos que criticam as agendas woke.
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