Sobre a Bettina: “Sim, ela é linda, inteligente e ficou milionária. Durma com essa”
Hoje de manhã, no trajeto para a escola, o meu filho de 13 anos me perguntou: "Você conhece a Bettina?" Foi só aí que tive a real dimensão do fenômeno em que havia se transformado a jovem de 22 anos que diz ter 1 milhão de reais na conta, protagonista de um vídeo produzido pela Empiricus, sócia de O Antagonista e da empresa que edita o jornal O Estado de S. Paulo. Eu, Mario, não conheço a Bettina. E tenho lá minhas dúvidas quanto ao marketing da Empiricus, embora não entenda nada de marketing. Mas, diante dos tiros disparados por aquela gente bonita, elegante e sincera ligada ao PT e pelos consultores independentes ligados aos grandes bancos, achei que valia a pena reproduzir um texto de Luciana Seabra, que trabalha com a jovem. Eu também não conheço a Luciana, mas sei que ela é uma jornalista respeitada no meio financeiro e, por isso, presumo que esteja sendo sincera no seu elogio a Bettina. Eis o texto de Luciana Seabra...
Hoje de manhã, no trajeto para a escola, o meu filho de 13 anos me perguntou: “Você conhece a Bettina?” Foi só aí que tive a real dimensão do fenômeno em que havia se transformado a jovem de 22 anos que diz ter 1 milhão de reais na conta, protagonista de um vídeo produzido pela Empiricus, sócia de O Antagonista e da empresa que edita o jornal O Estado de S. Paulo.
Eu, Mario, não conheço a Bettina. E tenho lá minhas dúvidas quanto ao marketing da Empiricus, embora não entenda nada de marketing. Mas, diante dos tiros disparados por aquela gente bonita, elegante e sincera ligada ao PT e pelos consultores independentes ligados aos grandes bancos, achei que valia a pena reproduzir boa parte de um texto da Luciana Seabra, que trabalha com a jovem. Eu também não conheço a Luciana, mas sei que ela é uma jornalista respeitada no meio financeiro e, por isso, presumo que esteja sendo sincera no seu elogio a Bettina e não tenha apenas se dedicado a bajular os seus chefes.
Eis o texto da Luciana Seabra:
“Oi, meu nome é Gustavo Cerbasi, tenho 33 anos, e já alcancei minha independência financeira, ou seja, poderia parar de trabalhar. Fiz isso com investimentos, mas acabei ficando milionário um pouco antes do que planejei porque vendi muitos livros.”
Foi mais ou menos assim meu primeiro contato com o best-seller Gustavo Cerbasi, sentada no chão do auditório da Faculdade de Economia da USP, ombro a ombro com centenas de estudantes ansiosos por ouvi-lo.
Quão verossímil é a história acima? O que Cerbasi conta é que, em sete anos de investimento na Bolsa, criou não somente seu primeiro milhão, mas condições para viver, digamos, pelo menos mais 50 anos sem trabalhar.
Pergunte-me: quantas pessoas daquela plateia pediram para Cerbasi provar sua independência financeira? Quantas pessoas perguntaram quem era sua esposa e seu pai e se deram dinheiro a ele? Quantos perguntaram exatamente quanto dinheiro ele investiu ao longo dos sete anos? Quantos fizeram contas para descobrir o PIB de qual país Cerbasi alcançaria caso seguisse com sua estratégia?
Respondo: nenhuma.
Lembro-me bem do poder transformador das palavras de Cerbasi. Àquela época, meus pais decidiram vender um apartamento, investir o dinheiro e viver de aluguel por um tempo. E as pessoas começaram a falar de dinheiro nas ruas. Lindo! Virei uma admiradora de seu jeito de democratizar o tema e até tive o prazer de entrevistá-lo anos mais tarde.
Se você já entendeu a mensagem, por hoje é só, obrigada pelo seu tempo.
Se não, ponha a sua mão na consciência agora: no que Cerbasi se diferencia de Bettina Rudolph, de 22 anos, que diz ter conquistado 1 milhão de reais a partir de um pouco de dinheiro dado por seu pai, sim, porém, principalmente de seu próprio trabalho e investimentos em Bolsa?
E quando pergunto isso, não me eximo da culpa, estamos refletindo juntos: confesso que eu também tive meus momentos desconfiados ao ver a Bettina chegar linda, loira, cheia de si, nascida pós-graduada (como todos os jovens de hoje), criando intimidade rapidamente com o modelo de negócios da Empiricus.
Sim, ela é linda, inteligente e ficou milionária. Durma com essa.
Você quer saber se eu vi o milhão da Bettina? Não. Em primeiro lugar, porque qualquer investidor que se preze hoje em dia não tem uma, mas muitas contas. Eu mesma teria um trabalhão danado se precisasse provar algo. E, em segundo, porque também não pedi ao Cerbasi: seria muito deselegante.
A propósito, sobre as reportagens que decidiram destacar, em meio a todo esse fenômeno, o fato de que a Bettina não sabe ao certo quanto investiu, se você é um investidor há algum tempo, responda a essa pergunta: quanto você já investiu? Eu confesso que não tenho ideia.
Eu vou investindo, e aquilo ali se mistura com retorno… Fico de olho na rentabilidade produto a produto, até porque é meu trabalho, mas saber diferenciar desde os primórdios o que é investimento e o que é retorno, estou com você, Bettina: confesso que não sei também.
Nos últimos dias, vi por aí gente legal, que cedeu ao fenômeno Bettina, pesquisou as palavras “ações” e “Bolsa” no Google, percebeu que está gastando além da conta e teve pela primeira vez um impulso de investir. Quão poderoso é para um país ter um símbolo ligado a finanças como a primeira posição do “trending topics” no Twitter. É o sonho de qualquer causa, de qualquer marca.
Agora um recado rápido às poucas mulheres que se destacam nas finanças deste país, algumas das quais já se manifestaram negativamente sobre a Bettina. O que vocês estão sentindo tem diagnóstico. Chama-se Síndrome da Abelha Rainha: há alguns estudos sobre. Mulheres bem-sucedidas não gostam nem um pouco de disputar espaço (talvez um sintoma da nossa entrada tardia e sofrida no mercado de trabalho).
Pondero: imaginem a força que teríamos juntas?
Enfim, a quem me perguntou o que eu tenho a dizer sobre tudo isso, simples: Parabéns, Bettina, você é foda!
P.S.: Ainda dá tempo de apagar aquela mensagem raivosa nas redes sociais. Mas deixa os memes, por favor, porque a gente tem se divertido horrores.
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