Morte de americana em cápsula de suicídio gera prisões na Suíça
Procedimento levou à abertura de investigação criminal contra envolvidos no caso
A morte de uma americana de 64 anos em uma cápsula de suicídio assistido na Suíça levou à prisão de várias pessoas nesta terça-feira, 24.
O incidente ocorreu em um retiro privado na floresta do cantão de Schaffhausen, ao norte do país. A mulher, cujo nome não foi divulgado, sofria há anos com problemas graves relacionados a um sistema imunológico comprometido.
Segundo comunicado da empresa The Last Resort, que desenvolveu e administra o dispositivo conhecido como “sarco”, a mulher acionou o mecanismo voluntariamente.
O procedimento de eutanásia assistida é legal na Suíça desde que não haja motivações egoístas por parte de quem ajuda, como ganhos financeiros. No entanto, as autoridades locais abriram uma investigação por incitação e auxílio ao suicídio, com a polícia recuperando a cápsula e levando o corpo para autópsia.
A empresa declarou que a cápsula foi usada conforme o esperado. O médico australiano Philip Nitschke, responsável pela criação do dispositivo, afirmou estar satisfeito com o desempenho da tecnologia, projetada para oferecer uma morte “rápida e tranquila”.
A Suíça tem uma das legislações mais permissivas do mundo para suicídio assistido, o que já atraiu diversos pacientes internacionais, incluindo o cineasta Jean-Luc Godard em 2022.
Oposição da Igreja e a moral ocidental
A Igreja Católica, que desempenhou um papel central na construção da moralidade ocidental, vê a vida como um dom sagrado, inviolável desde a concepção até a morte natural.
Para o cristianismo, qualquer ato que busque encurtar a vida humana, como o suicídio assistido ou a eutanásia, viola diretamente os princípios divinos. A Igreja defende que o sofrimento faz parte da condição humana e que a verdadeira compaixão está em oferecer cuidados paliativos, respeitando a dignidade da pessoa até o fim. “Nenhum ser humano tem o direito de interromper o ciclo natural da vida”, é um dos ensinamentos centrais.
Além disso, a crítica à “cultura do descarte” é central na doutrina católica. Para a Igreja, ao legalizar práticas como o suicídio assistido, a sociedade estaria abrindo caminho para a desvalorização da vida humana, especialmente de pessoas mais vulneráveis, como idosos e doentes.
A autonomia pessoal, neste caso, seria uma ilusão, já que muitos poderiam se sentir pressionados a optar pela morte para não serem vistos como um fardo para a família ou o sistema de saúde.
Defensores do suicídio assistido
Os defensores do suicídio assistido baseiam seus argumentos em dois pilares: o alívio do sofrimento e o respeito pela autonomia individual.
A prática é vista como um ato de compaixão, uma forma de encerrar o sofrimento extremo de pacientes terminais que não têm mais esperanças de cura ou melhora. O suicídio assistido permitiria que essas pessoas escolhessem morrer de forma digna, sem prolongar a dor e o sofrimento.
O segundo argumento forte é a autonomia individual. Para os defensores, o direito de escolher sobre a própria vida, especialmente quando a qualidade dessa vida está severamente comprometida, deve ser respeitado.
Eles acreditam que, em casos em que a dor física e emocional se torna insuportável, a pessoa deveria ter a liberdade de decidir se deseja continuar ou não.
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