Justiça britânica confirma legalidade de proibição de bloqueadores de puberdade
O Departamento de Saúde e Assistência Social, juntamente com o Departamento de Saúde da Irlanda do Norte, defenderam a legalidade da proibição, argumentando que a ação judicial deveria ser rejeitada
Um tribunal superior no Reino Unido confirmou nesta segunda-feira, 29, a legalidade da proibição emergencial de bloqueadores de puberdade imposta pelo governo. A medida, adotada pela então ministra da Saúde Victoria Atkins, impede a prescrição desses medicamentos, utilizados para suprimir hormônios sexuais e adiar a puberdade.
A ação judicial foi movida pela organização TransActual e por um jovem, que não pode ser identificado, desafiando a decisão de Atkins. A proibição também restringe a obtenção de bloqueadores de puberdade de prescritores europeus ou privados.
Durante a audiência, realizada no último dia 12, o Tribunal Superior em Londres ouviu argumentos de que a legislação secundária limita severamente o acesso ao tratamento para jovens transgêneros. O Departamento de Saúde e Assistência Social, juntamente com o Departamento de Saúde da Irlanda do Norte, defenderam a legalidade da proibição, argumentando que a ação judicial deveria ser rejeitada.
A decisão da Justiça foi escrita pela juíza Lang, e, apesar da proibição ter sido implementada pelo governo anterior, há indicações de que a administração trabalhista atual, liderada pelo secretário de Saúde Wes Streeting, possa tornar a medida permanente. Streeting afirmou que está “pisando com cautela” devido ao “medo e ansiedade” em torno da questão.
Problemas Relacionados aos Bloqueadores de Puberdade
Os bloqueadores de puberdade, também conhecidos como inibidores da puberdade ou bloqueadores hormonais, são medicamentos utilizados para adiar a puberdade em crianças, especialmente em casos de disforia de gênero.
Efeitos sobre a Saúde Física
- Densidade Óssea: Um dos principais problemas é a potencial redução na densidade mineral óssea. Durante a adolescência, o desenvolvimento ósseo é crucial, e a supressão hormonal pode comprometer esse processo, levando a ossos mais fracos e aumentando o risco de osteoporose no futuro.
- Fertilidade: Embora os bloqueadores de puberdade em si não afetem diretamente a fertilidade, o uso subsequente de hormônios afirmativos de gênero (como testosterona ou estrogênio) pode ter um impacto significativo na capacidade reprodutiva. Além disso, o tecido genital em mulheres transgênero pode não ser ideal para cirurgias futuras, como a vaginoplastia, devido ao subdesenvolvimento do pênis.
Efeitos sobre a Saúde Mental
- Qualidade da Evidência: Estudos iniciais sugeriram que os bloqueadores de puberdade não causavam mudanças significativas na função psicológica. No entanto, uma reanálise desses dados indicou que pode haver uma variação significativa nos resultados individuais, com alguns jovens experimentando efeitos negativos na saúde mental.
- Risco de Arrependimento: Há relatos de jovens que se arrependem de ter iniciado o tratamento com bloqueadores de puberdade, especialmente entre mulheres trans. Isso levanta questões sobre a capacidade dos adolescentes de tomar decisões tão significativas sobre sua saúde e identidade de gênero.
Questões Éticas e Sociais
- Decisões Precoces: A decisão de iniciar o uso de bloqueadores de puberdade em jovens é complexa e envolve considerações éticas significativas. Alguns especialistas argumentam que os adolescentes podem não ter maturidade suficiente para tomar decisões informadas sobre tratamentos que podem ter consequências duradouras.
- Pressão Social: Há preocupações de que a pressão social e o fenômeno de contágio social possam influenciar falsos diagnósticos de disforia de gênero, levando a tratamentos desnecessários e potencialmente prejudiciais.
Recomendações e Revisões
- Revisões Governamentais: Em resposta às preocupações emergentes, alguns países, como Suécia, Noruega e Inglaterra, revisaram suas diretrizes e restringiram o uso de bloqueadores de puberdade para menores. Essas revisões refletem a necessidade de mais pesquisas e uma abordagem mais cautelosa na prescrição desses medicamentos.
- Necessidade de Mais Pesquisas: Especialistas destacam a necessidade de mais estudos de longo prazo para entender completamente os efeitos dos bloqueadores de puberdade, tanto físicos quanto psicológicos. A evidência atual é limitada e muitas vezes baseada em estudos de curto prazo.
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