Agamenon: desordem unida
Os meus 17 leitores e meio (não se esqueçam do anão) já estão cansados de saber que, desde a semana passada, sou bolsonarista radical desde criancinha...
Os meus 17 leitores e meio (não se esqueçam do anão) já estão cansados de saber que,
desde a semana passada, sou bolsonarista radical desde criancinha. Por isso
mesmo, eu e a Isaura, a minha patroa, estacionamos o meu Dodge Dart 73, enferrujado,
na porta do condomínio barrense-tijucano onde fica o quartel-general do futuro
presidente.
Para inteirar as despesas da casa, estamos alugando alguns cômodos do nosso imóvel
automotivo. Quem está hospedado aqui em nossa residência é o agitador
cultural, ideólogo e intelectual de direita Alexandre Frota, o Frotinha, além do ex-
senador desempregado Magno Malta, o Oportunista de Cristo. Assim como nós e como
eles e mais 12 milhões de brasileiros (no final se come todo mundo…), estamos todos
aguardando a convocação do nosso líder para arrumar uma bocada no governo
bolsonaresco. Qualquer coisa serve para um bando de negativados passando fome: um
ministério usado, uma estatal quebrada ou uma repartição pública que não funciona.
Dentro do espírito militarista do novo governo, adotamos lá em casa uma rotina de
quartel. Às seis da manhã, acordo com o Toque da Alvorada enquanto a Isaura, a minha
patroa, sopra a corneta do Frotinha. Em seguida, o evangélico Magnum Malta comanda
uma oração, que termina com a coleta do dízimo para garantir o café da manhã da
tropa. Depois, tem a formatura, quando Alexandre Frota, sempre ele, faz questão de
hastear a bandeira no seu mastro cheio de veias. Enquanto esse ato pautríotico se
realiza, Magno Malta e eu entoamos com emoção o Hino Nacional Brasileiro. Isaura
não canta, pois nesse momento está com a boca cheia.
Seguimos nossa agenda com a prática de manobras militares. Frota, no
comando, convocou um pelotão de travestis para o Pastor Magno Malta aplicar as suas
técnicas milagrosas de cura gay. Enquanto a terapia não faz efeito nos transgêneros,
Alexandre Frota, cineasta, ator e produtor, aproveita para filmar mais uma de suas obras
cinematográficas de caráter pedagógico-pederasta (sem usar um tostão da Lei Rouanet),
onde mostra de forma cabal e explícita os malefícios que o Kit Come traria para a
juventude brasileira, caso fosse distribuído nas escolas púbicas.
Depois da hora do rancho e do carteado no cassino dos oficiais, continuamos com a
nossa faina de caserna. Agora, são exercícios de estratégia militar: aparamos a grama do
campo de futebol e caiamos o tronco de todas as árvores. Ontem, para variar, montamos
um bivaque. Vocês que são esquerdopatas, petistas e comunistas de direita não
conhecem a vida castrense e não têm a menor ideia do que seja um bivaque. Bivaque é
um acampamento de milico-militares.
Como sempre (e come mesmo), o Frotage faz questão de armar a barraca e convidar um
travesti para praticar um pouco de jiu-jitsu. O jiu-jitsu é uma arte marcial nipo-gaúcho-brasileira em que não existem adversários entre os contendores. Um é passivo, enquanto
o outro é ativo. Depois eles trocam.
Agamenon Mendes Pedreira é bolsonarista ativo. Ideia do Frota, depois ele troca.
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