Agamenon: cirurgia plástica rabo-reparadora
Todos sabem que a minha patroa, a Isaura, é uma mulher madura, quase podre. No entanto, apesar da idade provecta, a encanecida criatura (assim como eu, quer dizer, assim como ela) faz questão de manter uma vida sexual intensa...
Todos sabem que a minha patroa, a Isaura, é uma mulher madura, quase podre. No entanto, apesar da idade provecta, a encanecida criatura (assim como eu, quer dizer, assim como ela) faz questão de manter uma vida sexual intensa. Principalmente, quando estamos viajando. Ela viaja para o Sul enquanto prefiro passear no Norte.
Durante os nossos últimos embates de amor, quando trocamos os nossos fluidos corporais e palavras de baixo calão, depois de atingirmos o clímax orgásmico (nunca ao mesmo tempo, tem uma diferença de três horas mais ou menos, deve ser o fuso horário), enfim, depois “da pequena morte”, exaustos e nus no leito conjugal, aproveitamos os momentos de relaxamento para carburar um charuto de maconha e falar mal da vida alheia. Não necessariamente nessa ordem.
Pois outro dia, extenuado das lides eróticas, pedi à minha cara-metade que fosse buscar um copo d’água. Foi aí que tudo aconteceu. Ao levantar-se da nossa alcova, Isaura, a minha patroa, deslocou-se em direção à cozinha arrastando atrás de si uma volumosa massa adiposa, povoada de rugas e estrias. Aquilo que outrora fora uma bunda rígida e altaneira, agora escorria pelo chão como um suflê que desandou.
Ainda chocado com a imagem dantesca, corri para a internet em busca de uma solução digital para aquela hecatombe lorto-anatômica. Depois de algumas horas me distraindo no XVideos e passeando pelos sites de garotas de programa, acabei descobrindo o Dr. Bumbum, um cirurgião rabo-plástico que prometia trazer a bunda amada de volta em três dias. De manhã, bem cedo, embicamos na direção do consultório do bundologista. Uma fila imensa se formava na porta da clínica. Mulheres, travestis, periguetes e piranhas aguardavam impacientes. Imensas bundas arriadas, oritimbós deformados, nádegas descompensadas, algumas faltando um pedaço ou remendadas com plastique, num arremedo de funilaria. Algumas criaturas sem bunda também esperavam atendimento na esperança de resolver essa injustiça da natureza. Até mesmo o candidato Ciro Gomes esperava por uma consulta. Ciro queria fazer uma cirurgia para ficar com a bunda igual à sua cara. Ou seria o contrário?
Eis que surge o esculápio. Impávido e viril, sem camisa, abdome definido e todo depilado, o Dr. Bumbum já foi cumprimentando a clientela com apertão nas bochechas. Se é que vocês me entendem.
Depois de uma espera de horas de pé na fila, chegou a hora da nossa consulta. O consultório fica na cozinha do apê, que acumula também as funções de ambulatório, onde fritam uns bifes (posso imaginar a origem).
Depois de uma rápida anamnese, o Dr. Bumbum começou a tomar as medidas do pavilhão reto-rabo-furicular da Isaura, a minha patroa. Largura, comprimento, volume e profundidade. Em seguida, colocou a infeliz criatura de quatro na mesa da cozinha, afastando as facas, colheres, copos e pratos que restaram da última refeição. Em seguida, colocou um capacete de mineiros com lâmpada na testa e mergulhou nas profundezas do imo da minha companheira. Por horas fiquei aguardando do lado de fora. Já estava ficando preocupado quando eis que surge a figura do Dr. Bumbum na entrada daquela furna escura e úmida. O Dr. Bumbum não conseguiu dar um jeito na bunda da Isaura, mas, em compensação, voltou com 13 meninos e o técnico do time de futebol da Tailândia.
Agamenon Mendes Pedreira é cavernista de fim de semana.
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