A despedida da Globo

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5 minutos de leitura 22.11.2020 16:29 comentários
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A despedida da Globo

Ali Kamel, diretor de jornalismo da Rede Globo, despediu-se do Manhattan Connection da seguinte maneira: O programa praticamente se confunde com a história da TV por assinatura no país...

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A despedida da Globo
Arte: O Antagonista

Ali Kamel, diretor de jornalismo da Rede Globo, despediu-se do Manhattan Connection da seguinte maneira:

O programa praticamente se confunde com a história da TV por assinatura no país. Em 14 março de 1993, estreava no GNT Manhattan Connection – “direto de Nova York”. Letícia Muhana, na época diretora do canal, e Luiz Gleiser, então diretor de programação da Globosat, viram desde o início o potencial e a força do programa. Estavam certos: são 28 anos consecutivos no ar. Lucas Mendes, Caio Blinder, Nelson Motta e Paulo Francis, com Lúcia Guimarães e Angélica Vieira nos bastidores, foram sucesso imediato. O público adorou.

Era uma novidade na grade. Programa de bancada, com debate ardido, mas descontraído, e um elenco incrível.

Lucas é um ídolo de todas as gerações de jornalistas de televisão. Além de mestre na arte da reportagem, transformou-se num apresentador magnífico. Costuma dizer que tem o papel de extrair o máximo e o melhor dos participantes – e contribuir só com informações de apoio. Faz muito, mas muito mais do que isso. É um maestro, texto afinado. Sempre ao lado da inseparável, muito querida e sempre atenta e competente Angélica. Na hora do sufoco, a quem ele pede socorro? Angélica, a matéria já está no ponto?! Angélica, quanto tempo a gente ainda tem?! Angélica! Ainda bem, a Angélica, além de defender os bastidores, começou também a aparecer na frente da câmera, em passeios amorosos por Nova York. Fez fama em on e em off.

Paulo Francis fez barulho e história por onde passou e assim foi no Manhattan, com passagens antológicas, na memória de todos nós. Inteligência refinada, mente brilhante, e isso é mais do que clichê, eu juro. Que falta ao Brasil faz um Francis. Tive o prazer e a honra de editar sua coluna no Globo, quando eu fui editor do Segundo Caderno. Tão fã dele, que guardo algumas trocas de correspondência em “fax” (não existia e-mail), uma ou duas sobre comentários dele sobre o Islã. Ninguém que tenha visto o Manhattan de então deixa de pensar em Francis vendo o Manhattan de hoje. É isso o que fazem aqueles que são grandes: deixam marcas.

Caio Blinder, uma trajetória linda, incrível, de um jornalista notável, profundo conhecedor de relações internacionais. Sabe tudo sobre os intrincados caminhos do Oriente Médio. Entende de política interna americana ajudando a todos a navegar naquele jogo de poder. Minha relação profissional com ele remonta também ao Globo, onde mantinha uma coluna. E a admiração vem de anos. Profissional completo. Poucos sabem, mas ele tem outra função no Manhattan: descobridor de talentos. Foi ele quem “descobriu” Ricardo Amorim, economista respeitado e que sempre desfilou comentários seguros sobre todos os temas, no programa desde 2003.

Nelson Motta levou para o programa seu conhecimento dos meandros da cultura, jornalista, compositor e escritor que é. Comentários certeiros. E o bom humor e o sorriso que nos fazem tão bem. Ficou no programa até 2001, quando voltou ao Brasil. Lúcia Guimarães foi então para frente das câmaras com desenvoltura, completando o time, aquele olhar especial. Saiu em 2008 e, no ano seguinte, foi substituída por Pedro Andrade, no programa até hoje. Ele se tornou o um guia nos circuitos da arte e da gastronomia de Nova York. Seu bordão nas dicas era preciso: “imperdível”.

Depois da morte prematura de Francis em 1997, Arnaldo Jabor com sua assinatura própria: análise, ironia e polêmica.

Em 2003, entrou Diogo Mainardi, substituindo Jabor. São já 17 anos. Uma peça que se encaixou com perfeição ao Manhattan. Um texto privilegiado, sem temor algum de defender suas opiniões, sem compromissos senão com sua independência. Levou para o programa o espírito da coluna que por tantos anos manteve na Veja, leitura obrigatória, tanto para os que concordavam com ele quanto para os que não concordavam (bons tempos em que as pessoas não se importavam de conhecer a opinião dos outros). Nada tenho a ver com a ida dele para o programa, mas somos amigos desde o início dos anos 2000, quando veio morar no Rio por um tempo. Amizade de que me orgulho. E que permanence mesmo ele estando em Veneza. Jornalista que tem êxito em tudo o que faz.

Foi Diogo quem deu o mote para o apelido da formação atual do Manhattan ao se chamar de ratazana. Lucas adotou o nome e fez uma junção: Manhattazanas. Pegou. As autodeclaradas Manhattazanas sempre correram soltas, assustando apenas políticos, economistas e outros personagens do noticiário que preferiam se esconder, fugindo rente ao meio-fio. A turma do Manhattan sempre se divertiu com a brincadeira, pegando carona na fama macabra da cidade.

Em 2011, o Manhattan deixou o GNT e veio para a GloboNews. Trouxe a sua marca, o seu sucesso.

Esses meus e-mails demorados, vocês sabem, escrevo quando é o momento de comunicar mudanças. E de exaltar a trajetória de colegas queridos, profissionais exemplares. E para agradecer. Agradecer muito.

Hoje à noite, na GloboNews, teremos o último episódio do Manhattan Connection. Convido todo mundo a assistir.

Em nome da Globo e no meu, o meu muito obrigado ao Lucas, ao Caio, ao Diogo, ao Ricardo, ao Pedro e à Angélica.

Ali.

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