Vamos acabar de vez com a palhaçada das sabatinas no Senado
São 12h12 minutos da quarta-feira, 13, e acabo de ouvir o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, pedir aos integrantes da base de Lula que, “se possível”, não façam...
São 12h12 minutos da quarta-feira, 13, e acabo de ouvir o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, pedir aos integrantes da base de Lula que, “se possível”, não façam perguntas aos dois sabatinados do dia – o ministro da Justiça, Flávio Dino, candidato a uma vaga no STF, e o procurador Paulo Gonet, indicado à Procuradoria Geral da República (PGR). Seria uma medida para poupar tempo, dez minutos de pergunta e dez minutos de resposta.
Isso acontece pouco depois de o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde acontece a sabatina, o senador Davi Alcolumbre (União-AP), ter derrubado sumariamente a questão de ordem levantada por Alessandro Vieira (MDB-SE) sobre o fato de os dois candidatos serem ouvidos numa mesma sessão, como nunca antes aconteceu no país.
A preocupação de Alcolumbre, assim como a de Wagner, foi com o tempo, a “celeridade” do processo de escolha.
Ele ainda teve a desfaçatez de dizer que aprendeu com as críticas dos colegas, depois de ter segurado por mais de quatro meses a indicação de André Mendonça ao STF feita por Jair Bolsonaro.
Alcolumbre não aprendeu nada. Ele segurou a indicação no governo passado porque o pagamento de emendas parlamentares apresentadas por ele estava atrasado e porque ele preferia que Augusto Aras tivesse sido o escolhido à vaga.
Ele agiu rapidamente desta vez, porque conseguiu arrancar de Lula o benefício de sempre — a liberação de emendas para o Amapá.
Alcolumbre não teve uma palavra a dizer sobre o fato de os cargos de ministro do STF e Procurador-Geral da República terem mandatos diferentes, atribuições muito diversas e, portanto exigirem sabatinas de caráter também muito diverso.
Alcolumbre, Jaques Wagner e todos que estão com eles não estão nem aí com a tarefa que a Constituição lhes deu. Querem apenas encerrar o teatro da sabatina o quanto antes. É gente que desvaloriza o Senado e não respeita a cidadania que tem, sim, interesse em saber o que Dino e Gonet pensam sobre diveros assuntos e como pretendem se comportar diante das circunstâncias que as novas funções vão trazer a eles.
Às 12h39, quando estou perto de encerrar este texto, Alcolumbre anunciou que vai abrir a votação aos senadores depois que metade dos inscritos tiver feito as suas perguntas. Fica subentendido que as decisões já foram tomadas nos bastidores. Não será preciso sequer aguardar o final da encenação no picadeiro de Brasília. No picadeiro do lado de cá, somos nós os palhaços.
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CORREÇÃO: O texto originalmente afirmava que o senador Alessandro Vieira representa o Rio Grande do Sul, em vez de Sergipe. A informação foi corrigida.
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