Tania Coelho na Crusoé: Diferença e diversidade sexual na civilização, no Direito e na Psicanálise
Até onde a pós-modernidade vai desconstruir a natureza, a ciência e a tradição?
A distinção entre os conceitos de diferença e de diversidade sexual remete a um conflito entre paradigmas científicos e politico-culturais.
Os fundamentos da civilização judaico-cristã, a biologia científica e a psicanálise como uma prática cientificamente constituída se referem à diferença sexual.
Para a tradição e para a biologia, a diferença anatômica entre os sexos é correlativa da distribuição da espécie humana em homens e mulheres.
Para a psicanálise, a diferença anatômica entre os sexos tem consequências psíquicas, mas não garante que a sexuação do sujeito homem ou mulher lhe corresponda biunivocamente.
No campo da linguagem, definimos um homem por oposição significativa à mulher.
Não precisamos definir o que é um homem ou o que é uma mulher.
Basta que se entenda que uma significação depende da diferença em relação à outra.
A evolução dos costumes na pós-modernidade vem redefinindo o campo do Direito, advogando a tese de que a sexualidade nasce e permanece diversa ou sem a lei.
A diferença anatômica só interessa à biologia.
Muitos filósofos pós-modernos rejeitam o primado da diferença anatômica entre os sexos, bem como suas consequências psíquicas: a fantasia infantil da castração e a ficção inconsciente de que o pai interdita o incesto.
É verdade que a sexualidade nasce autoerótica, mas indivíduos adultos e civilizados não permanecem assim.
Nos discursos pós-modernos, a descoberta freudiana do inconsciente e dos complexos de castração e de Édipo é considerada uma mera construção cultural, historicamente datada.
Acreditam que Freud generalizou uma construção teórica sobre o inconsciente, cuja validade deveria ficar restrita às sociedades patriarcais submetidas a uma moralidade repressiva.
Os defensores do paradigma pós-moderno entendem que é preciso desconstruir essa tradição…
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