Sugestão para a Folha: criar programa de trainees para colunistas
Dei uma olhada na Folha (foto) e me deparei com um blog intitulado Quadro-Negro, de um certo Dodô Azevedo. O blog define-se como "uma lousa para se conhecer e discutir o que pensa e faz a gente preta brasileira". Fui ler a lousa. Nela, Dodô Azevedo escreveu sobre "o papel do jornalismo na construção do antipetismo, que foi "uma mina de ouro para empresas de comunicação". Aparentemente, o que o moveu foi o assassinato do tesoureiro petista pelo militante bolsonarista, em Foz do Iguaçu...
Dei uma olhada na Folha (foto) e me deparei com um blog intitulado Quadro-Negro, de um certo Dodô Azevedo. O blog define-se como “uma lousa para se conhecer e discutir o que pensa e faz a gente preta brasileira”. Fui ler a lousa. Nela, Dodô Azevedo escreveu sobre “o papel do jornalismo na construção do antipetismo, que foi “uma mina de ouro para empresas de comunicação”. Aparentemente, o que o moveu foi o assassinato do tesoureiro petista pelo militante bolsonarista, em Foz do Iguaçu.
Não há menção ao mensalão na “construção do antipetismo” e, ao referir-se à Lava Jato, o rapaz a define previsivelmente como “show midiático”. Previsivelmente, ainda, o petrolão não passou de um “teatro absurdo alçado pela imprensa a evento factual” (ele deve ter querido dizer “teatro do absurdo”). No pastel histórico oferecido ao leitor, este site é citado como criador da “notícia-meme” e comparado a redes de TV e rádio que recebem dinheiro do governo de Jair Bolsonaro.
Não dá para falar nem em desonestidade de Dodô Azevedo, dado o seu grau de analfabetismo funcional. A coisa toda não tem pé, tronco ou cabeça, como mostra o trecho que transcrevo:
“No dia 1º de janeiro de 2003, Luiz Inácio Lula da Silva dava início a seu primeiro mandato.
Era, também, a primeira vez, em pouco mais de 100 anos, que um governo que ameaçava ser exclusivamente de esquerda assumia o governo (sic para “o governo que assumia o governo”).
Com arranjos como o vice, o empresário José Alencar, o PT na época era só uma ameaça, e por isso foi eleito.
Mas ameaça para quem?
Para o que hoje chamamos de geração nem-nem. Os que, politicamente, preferem manter suas vidas como estão, sem guinadas, seja à direita ou à esquerda.
Como se existissem guinadas à direita. Não existem. Uma boa definição de direita é a ausência de tudo.
A população nem-nem brasileira, bem educada, bem alimentada, é hoje quem lê jornal. Ou quem se informa pela imprensa.
Que desde janeiro de 2003 descobriu que a marcação cerrada sobre o governo do PT agradava aos nem-nens.
Privilégio que Fernando Henrique não teve, salvo as já antológicas colunas que Luis Fernando Veríssimo e Elio Gaspari publicavam (o autor provavelmente não sabe que o primeiro é petista e o segundo, quando dirigia a Veja, proibia que se usasse na revista a expressão “ditadura militar” para denominar o regime instaurado em 1964).
A imprensa passou a hegemonicamente escrever para os nem nems (sic), tolos que se sentem mais inteligentes por serem os poucos que conseguiram enxergar uma verdade hipotética que ninguém enxergou. Presunção existencial.
E assim o antipetismo cresceu, turbinando-se com todo show midiático que foi a Operação Lava Jato, teatro absurdo alçado pela imprensa a evento factual. Deu certo para o jornalismo praticado em todas as plataformas.
Na época, o jornalismo fez uma festa. Hoje, a ressaca é nossa.”
O blog de Dodô Azevedo não tem a menor importância. Mas é expressão da falta de escola que nos aflige. Para suprir a deficiência de forma paliativa, a Folha deveria criar um programa de trainees também para colunistas. Dodô Azevedo e congêneres precisam emitir opiniões indigentes e partidárias numa língua mais próxima ao português.
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