Quem é o traidor?
Os bolsonaristas inveterados foram às redes ontem à noite chamar Hamilton Mourão de traidor por ter criticado Jair Bolsonaro, mesmo sem citá-lo diretamente. O ex-vice disse que o "silêncio" e o "protagonismo inoportuno e deletério" criaram "um clima de caos e de desagregação social"...
Os bolsonaristas inveterados foram às redes ontem à noite chamar Hamilton Mourão de traidor por ter criticado Jair Bolsonaro, mesmo sem citá-lo diretamente. O ex-vice disse que o “silêncio” e o “protagonismo inoportuno e deletério” criaram “um clima de caos e de desagregação social”.
Nenhuma novidade. A gestão de Bolsonaro foi marcada pela retaliação à menor crítica de qualquer aliado, com a aplicação do protocolo ‘expurgo imediato e execração pública’ pela milícia carluxista.
Os militantes preferiram ignorar o rosário de conquistas desfiado por Mourão em seu pronunciamento à nação.
Dentre outras coisas, ele defendeu “entregas significativas na economia”, uma “eficaz e silenciosa reforma administrativa”, além da “renovação do modelo previdenciário” e a potencialização do “agronegócio”.
“Trabalhamos e entregaremos ao próximo governo um país equilibrado, livre de práticas sistemáticas de corrupção, em ascensão econômica e com as contas públicas equilibradas, projetando o Brasil como uma das economias mais prósperas e com resultados mais significativos pós-pandemia, no concerto das nações. Tais iniciativas permitiram pleitear o ingresso do país na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o que possibilitará a melhoria ao acesso a mercados e a novas parcerias. Cabe destacar que o OCDE tem como princípios básicos a democracia e o livre mercado.”
Ou seja, se enviou recado pontual a Bolsonaro, Mourão o fez em relação a Lula, cujo governo é crítico à adesão do país à OCDE, grupo que reúne as economias mais desenvolvidas.
Diante da omissão de Bolsonaro, que fugiu para Orlando, coube ao vice fazer a defesa do legado da gestão da qual participou quase que decorativamente e ainda assumir o papel de liderança uma eventual oposição democrática, com viés de centro-direita, ainda a ser costurada com o novo Congresso, do qual será parte.
“Aos que farão oposição ao governo que entra, cumprirá a missão de opor-se a desmandos, desvios de conduta e a toda e qualquer tentativa de abandono do perfil democrático e plural, duramente conquistado por todos os cidadãos. Buscando-se a redução das desigualdades por meio da educação isenta e eficaz, criando oportunidades iguais a todos os brasileiros.”
O eleitor sabe quem é o verdadeiro traidor.
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