PT inventa ‘desimpeachment’ de Dilma para turbinar polarização
Para o sujeito com um martelo na mão, tudo o que ele vê é prego. Assim ocorre quando alguém enfia uma ideia na cabeça e precisa que a realidade passe a se encaixar. Qualquer sinal que possa indicar no...
Para o sujeito com um martelo na mão, tudo o que ele vê é prego. Assim ocorre quando alguém enfia uma ideia na cabeça e precisa que a realidade passe a se encaixar. Qualquer sinal que possa indicar no sentido de comprovação será usado exaustivamente. Assim é a história de Dilma ter sofrido um golpe.
Estamos aqui na seara da fé e do fanatismo, muito distantes dos fatos. E preocupa que parte da imprensa embarque nessa alienação, que nos afasta ainda mais do público, já desconfiado dos jornalistas em geral.
O julgamento do TRF-1 não decidiu nada que possa mudar a visão que alguém tem do impeachment. Ele inclusive diz que a via adequada para apurar os fatos imputados à presidente na denúncia era a do crime de responsabilidade, julgado pelo Congresso.
OPINIÃO DA MADÁ (@madeleinelacsko) | A denúncia do MPF com relação às pedaladas nem sequer foi analisada pelo TRF-1. Ela foi arquivada por tecnicalidades, sem análise do mérito. #MadáNoAntagonista https://t.co/hmhPk5Pji3 pic.twitter.com/NIydLvVnxR
— O Antagonista (@o_antagonista) August 23, 2023
A denúncia do MPF com relação às pedaladas nem sequer foi analisada. Ela foi arquivada por tecnicalidades, sem análise do mérito. Dilma Rousseff não foi inocentada das pedaladas pela Justiça, como inventou o PT para turbinar a polarização tóxica que vivemos. A Justiça disse apenas que não era ali o foro adequado para julgar Dilma por aquilo, era o Congresso Nacional.
É muito problemático que isso não tenha sido dito com clareza cristalina em toda a imprensa nacional. Mais grave ainda é que inúmeros veículos de comunicação tenham feito a cobertura com base em informações da Agência Brasil, tocada pelo governo do PT.
Distorcer a decisão judicial para afirmar que o impeachment foi golpe interessa muito para que o PT consiga exercer hegemonia na esquerda e cale qualquer tipo de oposição democrática. A prática de carimbar de fascista e golpista não é ignorância, é para que tudo seja permitido contra aquela pessoa. Com os expurgos começa a autocensura que garante a hegemonia.
Um grande problema desse caso é que a Justiça, a contragosto, acabou sendo arrastada para o centro de uma discussão política emocional. Estamos começando a viver com o Judiciário o mesmo processo que as Forças Armadas viveram no governo passado.
Quando instituições que cremos serem de Estado ou neutras, como militares e justiça, passam a ser vistas como partidárias, elas perdem o apoio do povo. No caso específico, é uma sinuca de bico. Se o tribunal decide emitir uma nota esclarecendo a sentença, indicando que não inocentou Dilma de nada, continuará sendo visto como partidário. Além disso, a linguagem jurídica é tão difícil que se torna uma barreira para compreender a decisão, mesmo explicada.
Isso é grave porque, na cabeça do cidadão, os governantes e políticos são corruptos, autoritários e tendenciosos mesmo. Dos juízes não se espera isso e está aí a Queda da Bastilha para nos lembrar.
A Lula interessa manter a polarização tóxica acesa e o debate político no maior grau possível de alienação. Só assim ele é o representante da luz contra as trevas e, por consequência, não pode ter nenhum oponente além de Bolsonaro. Resta saber qual o preço da brincadeira e quem vai topar pagar a conta.
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