Os brasileiros trocarão de complô, coitados; Confira Os brasileiros trocarão de complô, coitados; Confira
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Os brasileiros trocarão de complô, coitados

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Mario Sabino
4 minutos de leitura 20.12.2021 11:07 comentários
Opinião

Os brasileiros trocarão de complô, coitados

Bolsonaristas defendem a tese aloprada de que vacinas contra a Covid são veneno, e alguns chegam mesmo a dizer que a Terra é plana. A ciência, para eles, é um complô de comunistas para dominar o mundo. Mas os petistas não ficam atrás: eles querem fazer crer que Lula não é corrupto e lavador de dinheiro e que a Lava Jato foi um complô neoliberal para que empresas americanas abocanhassem o lugar de empresas brasileiras no mercado petrolífero do país...

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Mario Sabino
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Os brasileiros trocarão de complô, coitados
Foto: Ricardo Stuckert

Bolsonaristas defendem a tese aloprada de que vacinas contra a Covid são veneno, e alguns chegam mesmo a dizer  que a Terra é plana. A ciência, para eles, é um complô de comunistas para dominar o mundo. Mas os petistas não ficam atrás: eles querem fazer crer que Lula não é corrupto e lavador de dinheiro e que a Lava Jato foi um complô neoliberal para que empresas americanas abocanhassem o lugar de empresas brasileiras no mercado petrolífero do país.

Ninguém em sã consciência acredita nas teses bolsonaristas — e, no caso das vacinas, não fosse pelo chefe deles estar no poder, o máximo de efeito colateral seria uma gargalhada geral. Mas, como o chefe deles está no poder, a crendice sobre as vacinas resultou em milhares de mortes. É para substituir esse maluco que muitos brasileiros cogitam votar no chefão petista, em torno do qual se construiu a alopragem de que ele é a alma mais honesta do mundo e que os Estados Unidos estão por trás da Lava Jato.

A diferença entre a maluquice bolsonarista e a petista, sem que uma seja mais inofensiva do que a outra, é que a segunda tem método. A alopragem não é parte constitutiva da cachola dos seus inventores, mas mentira calculada por pilantras para enganar quem está disposto a acreditar nela — e, depois de três anos de Jair Bolsonaro, esse cordão cada vez aumenta mais. Lula é tão honesto quanto eu sou cabeludo, mas meia dúzia de mensagens roubadas e descontextualizadas, publicadas pela imprensa muy imparcial e utilizadas descaradamente por ministros do STF, foi usada para cancelar milhares de provas, depoimentos e sentenças confirmadas em três instâncias do Judiciário. O negacionismo sanitário matou centenas de milhares de cidadãos; o negacionismo político matou a Justiça brasileira.

Outro dia, um platelminto disse que Lula seria eleito pelo povo brasileiro, não pelo STF. Como foi a lisura do STF que transformou o chefão petista em ex-condenado, é óbvio que foram os seus ministros que abriram caminho para que a mentira sobre Lula pudesse ser vendida eleitoralmente aos brasileiros cansados de Jair Bolsonaro. Ou seja, foi o STF que começou a eleger Lula, caso as projeções de hoje sejam confirmadas nas urnas, em 2022. E será assim que será vendida ao indistinto público a lorota de voto representar absolvição.

Platelmintos podem ser eliminados por vermífugos, mas o chefão petista e os seus asseclas se aboletarão no poder, agora livres para amordaçar quem lhes é adversário, encher as burras da sua organização, a fim de perpetuar-se no poder, e dopar o país com assistencialismos e crediários a perder de vista.

Quanto ao vice de Lula, a coisa já está resolvida, aparentemente, como mostrou o Encontro de Corruptos e Suspeitos de Corrupção, realizado ontem à noite, em São Paulo, sob os auspícios da pilantragem. Geraldo Alckmin (foto, com Lula) é ideal para o papel de vice-presidente, como descrito pelo comediante americano Will Rogers, de quem acaba de ser publicada uma coletânea pela editora Gryphus (Políticos, Pernósticos & Lunáticos). Em 1924, o comediante disse que reunia todas as condições para ser vice. Uma delas era a seguinte:

“Quando o presidente não pode sair, o vice-presidente tem de ir e falar e jantar por ele. Pois eu posso participar de todos os jantares, porque como pouco. Poderia dizer: ‘Lamento que o presidente não possa vir, mas ele tinha negócios urgentes’. Claro, eu não contaria o motivo pelo qual ele não foi, então realmente eu sou um mentiroso bom o suficiente para ser um ótimo vice.”

Lula prometeu a Geraldo Alckmin muitos jantares.

O troço mais chato disso tudo é que ainda teremos de aguentar a patacoada dessa gente toda lançando “frente democrática”. Os brasileiros vão trocar de complô, coitados dos brasileiros.

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Mario Sabino é jornalista, escritor e sócio-fundador de O Antagonista. Escreve sobre política e cultura. Foi redator-chefe da revista Veja.

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