Orlando Tosetto na Crusoé: “Nenhum aforismo explica o Brasil”
O Brasil é um país quente, e aliás cada dia mais quente, e um dos efeitos do sol excessivo na cabeça é criar nas cucas o gosto por palavras especiosas como evidenciar e apoteose...
O Brasil é um país quente, e aliás cada dia mais quente, e um dos efeitos do sol excessivo na cabeça é criar nas cucas o gosto por palavras especiosas como evidenciar e apoteose. O Brasil adora uma apoteose, embora às vezes pareça confundi-la com apocalipse. Mas nós gostamos tanto de apoteoses que deve até haver crianças batizadas assim: Apoteose de Oliveira, Apoteose de Souza, Apoteose Medeiros. E quase todas hão de sambar com muita graça, com muito donaire. Porque sambar é, evidentemente, uma coisa muito apoteótica.
Outro mal do sol excessivo é que ele não ajuda muito no culto à personalidade. Veja o amigo que dia desses alguém, querendo mostrar que o jamais assaz louvado senhor presidente é, como aquele rapaz lá da Coreia, o solzão que alumia nossas vidas e nos aquece o bem-querer, o retratou antes como um solzinho sorridente. Ora, a intenção, conquanto remanesça pura, teve resultado material que não favoreceu nada a imagem imaculada do imaculado, que terminou muito parecido com um Telettubie…
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