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O ressentimento de um cientista e o oportunismo dos bolsonaristas

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Carlos Graieb
3 minutos de leitura 23.12.2021 18:44 comentários
Brasil

O ressentimento de um cientista e o oportunismo dos bolsonaristas

Nesta quinta-feira, o cientista americano Robert Malone foi citado em um vídeo da deputada federal Bia Kicis para dar "embasamento" ao perverso lero-lero antivacina dos bolsonaristas...

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Carlos Graieb
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O ressentimento de um cientista e o oportunismo dos bolsonaristas
Eduardo Bolsonaro e Steve Bannon. Foto: Divulgação

Nesta quinta-feira, o cientista americano Robert Malone foi citado em um vídeo da deputada federal Bia Kicis para dar “embasamento” ao perverso lero-lero antivacina dos bolsonaristas.

Malone se apresenta como o inventor da técnica de imunização por meio do RNA mensageiro que tornou possíveis vacinas como a da Pfizer, aplicada no Brasil, e a do laboratório Moderna, amplamente utilizada nos Estados Unidos e na Europa. Ele teria feito a descoberta aos 28 anos, sendo que hoje tem 61.

Há vários meses, Malone vem aparecendo em programas de rádio, internet e televisão ancorados por personalidades da ultradireita americana, como Glenn Beck e Steve Bannon (foto), o picareta que está fora da cadeia em liberdade condicional, nos Estados Unidos, e tem como pupilos brasileiros Carluxo e Bananinha (foto).  Seu mantra é o de que a imunização por RNA mensageiro traz riscos terríveis e não deveria ser feita.

A revista The Atlantic”, uma das mais tradicionais dos Estados Unidos, procurou entender por que o suposto pai de uma técnica científica importante se voltou contra ela.  Descobriu que por trás da campanha antivacina de Malone há um caso de ambição frustrada: ele acredita que não recebeu da comunidade científica os louros que lhe são devidos.

A mulher de Malone redigiu um documento furibundo com sua versão da história. Segundo um trecho citado pela The Atlantic, o pesquisador seria um gênio “pouco conhecido pelo establishment científico devido aos abusos cometidos por indivíduos interessados em assegurar seu próprio lugar nos livros de história”. Malone seria uma vítima da “ganância comercial e acadêmica”. Tem cheiro, sabor e aparência de teoria da conspiração.

Ninguém nega que Malone deu uma contribuição pioneira para o uso do RNA mensageiro, ainda no final da década de 1980. Mas daí não decorre que ele deva receber crédito como o maior, nem muito menos o único, responsável pelas vacinas da Pfizer ou da Moderna. Simplesmente não é assim que os avanços científicos ocorrem. Nas três décadas desde o achado inicial de Malone, inúmeras pesquisas e descobertas complementares aconteceram. Foi esse acúmulo de conhecimento que tornou possível o desenvolvimento de imunizantes contra a Covid em tempo recorde. 

Malone não conduziu grandes testes sobre a eficácia das vacinas de RNA mensageiro que vêm sendo utilizadas, nem revisou uma massa de dados produzida por outros pesquisadores. Suas opiniões são apenas isso: opiniões. E elas fazem as vacinas parecerem mais perigosas do que o vírus da Covid. Basta olhar em volta com um mínimo de boa fé para saber que isso não é verdade.

Malone é um exemplo das pessoas que buscam abrigo em um grupo político, neste caso de ultradireita, por ressentimento. Por acharem, mi-mi-mi, que o mundo malvado não lhes deu todos os doces que elas mereciam.

Já Steve Bannon, Bia Kicis e os Bolsonaro são exemplos dos oportunistas que se aproveitam do ressentimento para ganhar eleições – e comer todos os doces que o acesso ao poder oferece.

 

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Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

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