O que temos é o João LulaBolsoDoria
A falsa desistência de João Doria (foto) da candidatura ao Planalto não foi um blefe. Foi uma palhaçada de um narcisista que, com a sua insistência em permanecer na corrida presidencial, impede que nasça uma chapa do que ainda se costuma chamar de Terceira Via. João Doria derrotou Eduardo Leite nas prévias do PSDB não porque era o candidato ideal dos tucanos, mas porque dominava a máquina partidária para impor-se na disputa interna, como é do seu perfil...
A falsa desistência de João Doria(foto) da candidatura ao Planalto não foi um blefe. Foi uma palhaçada de um narcisista que, com a sua insistência em permanecer na corrida presidencial, impede que nasça uma chapa do que ainda se costuma chamar de Terceira Via. João Doria derrotou Eduardo Leite nas prévias do PSDB não porque era o candidato ideal dos tucanos, mas porque dominava a máquina partidária para impor-se na disputa interna, como é do seu perfil.
João Doria não tem, nunca teve e jamais terá chance de chegar ao segundo turno. É um político com altíssima rejeição e baixíssima taxa de adesão no primeiro turno, como mostram as pesquisas. E isso não mudará porque ele é já figura conhecidíssima dos brasileiros, ainda mais depois do marketing despudorado que fez de si próprio durante os dois últimos anos, por meio dos enfrentamentos diários com Jair Bolsonaro, por causa do combate à pandemia, e da importação da Coronavac, a vacina chinesa da qual ele se apropriou, transformando uma obrigação de governante em dádiva paternalista. Por ser despudorado, o marketing voltou-se contra ele.
João Doria tem fama de traidor. Traiu o seu criador, Geraldo Alckmin. Traiu Jair Bolsonaro, ao associar o seu nome ao atual presidente, em 2018, para vencer a eleição para governador em São Paulo. Ontem, traiu o PSDB e a Terceira Via. É um homem sem rosto, que utiliza uma máscara social o tempo inteiro, como escrevi na Crusoé (leia o artigo, aberto para não assinantes).
A traição de ontem foi espetacular. Depois de fazer circular que desistiria e que permaneceria governador de São Paulo, o que lhe rendeu horas de exposição na imprensa, ele voltou atrás na falsidade, depois de obter da presidência do PSDB uma carta de apoio à sua candidatura. Como o próprio João Doria teve a cara de pau de dizer, toda a encenação foi feita para isto: obrigar o partido a manifestar-se pública e formalmente a seu favor. E por quê? Porque, muito naturalmente, dada a inviabilidade do tucano como presidenciável competitivo, o PSDB, que formará federação como o Cidadania, entrou em tratativas para aliar-se à União Brasil e ao MDB, para que as agremiações tenham um candidato único — que pode ser Eduardo Leite, Simone Tebet ou Sergio Moro, até onde se sabe. João Doria seria uma carta fora do baralho. Só que ele não quer sair do baralho de jeito nenhum. E, com isso, embaralha ainda mais o jogo, retardando o consenso em torno de um nome de centro que faça frente a Lula e Jair Bolsonaro.
Hoje, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, mostrou a sua irritação com João Doria, ao dizer a jornalistas que “em política, tem algo que vale mais do que papel e carta que são os fatos e os acontecimentos”. Ele também afirmou que a candidatura tucana faz parte de um “projeto maior” e que Eduardo Leite teve um comportamento “extremamente decente” em todos os episódios que envolveram João Doria. O sinal verde para que o ex-governador do Rio Grande do Sul se mexa para compor uma chapa presidencial já foi dado. É fato e acontecimento.
A “desistência” de João Doria, ontem, deu a impressão de que ele estava disposto a abrir do seu projeto pessoal, em prol do partido a que pertence e da Terceira Via. Foi bom enquanto durou. Na União Brasil de São Paulo, conta, por exemplo, com o amigão Milton Leite et caterva para torpedear Sergio Moro. Ele só ajuda a fortalecer Lula e Jair Bolsonaro. O que temos é o João LulaBolsoDoria.
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