O que será das operações policiais infinitas julgadas pelo STF?
Em mais um arroubo democrático, o presidente Lula disse que não precisamos saber como votam os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Isso diminuiria a animosidade com a corte. Ele tem...
Em mais um arroubo democrático, o presidente Lula disse que não precisamos saber como votam os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Isso diminuiria a animosidade com a corte. Ele tem razão e vários amigos dele no poder utilizam técnicas semelhantes para eliminar animosidades.
Lembra uma piada que circula por aí. Um amigo pergunta ao outro como está o Brasil. Resposta: “Eu não posso reclamar”. “Então está tudo bem?”, ele pergunta. Resposta: “Então, eu não posso reclamar”. Ainda bem que não passamos nem perto disso. Uma bela campanha publicitária nos garante que a democracia está inabalada.
É curioso que Lula faça a afirmação justamente no dia em que a Operação Lesa Pátria lança sua 16ª fase, com prisões e mandados de busca e apreensão em vários Estados brasileiros. Ela investiga quem seriam os financiadores dos atos de 8 de janeiro.
Já tem gente comparando os métodos aos da Lava Jato e apontando incoerência. Se um era errado, então este também é. A indisponibilidade de todos os bens também consta da lista de pedidos e foi concedida pelo STF.
A Suprema Corte está às voltas com uma bomba relógio. Se avolumam para julgamento casos que cada vez incluem mais gente e inquéritos que parecem nunca ter fim.
Já há problema estrutural para, por exemplo, individualizar as condutas de todos os vândalos que participaram da depredação de 8 de janeiro. Também ficam ali os casos ainda mais graves, dos que financiaram movimentos e dos poderosos que se organizaram para realmente tentar emplacar um golpe de Estado. Tem braço para dar conta de tudo isso?
Juntemos ao bolo os inquéritos das fake news, que já se estendem por anos. Apesar de todos os esforços que vemos, não há notícia de que a máquina de fake news da política diminuiu e não temos um julgamento final.
Operações policiais em muitas fases, como foi a Lava Jato, tendem a degringolar no Brasil. Elas passam a ser vistas como novelas e ganham torcidas contra e a favor. No final das contas, quando o caso chega a julgamento, os ânimos já mudaram.
A Lava Jato já sabemos no que deu. As cortes superiores reverteram e continuam revertendo julgamentos. No caso da Operação Lesa Pátria e coirmãs, ainda que a Justiça tenha um momento Lava Jato e se arrependa anos depois das próprias decisões, não há passo atrás. Agora o julgamento é direto no STF, restando apenas instâncias internacionais ou divinas para eventuais recursos.
Justiça que tarda falha, diz o ditado popular que a ministra Cármen Lúcia gosta de repetir. Ela está certa. Melhor que as operações fossem mais curtas, menos espetaculares e mais eficientes.
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