O inferno astral de Guilherme Boulos
Problema é que Guilherme Boulos está tentando uma nova imagem, dizendo que agora só quer "invadir corações"
Guilherme Boulos entrou em uma maré de azar impressionante nesta campanha. Em um momento crucial, com as pesquisas mostrando uma corrida apertada entre ele, Ricardo Nunes e Pablo Marçal, Boulos viu dois rojões explodirem em sua direção. Primeiro, ao tentar defender André Janones de acusações de rachadinha, ele argumentou que Janones não deveria ser punido porque outros também não foram — uma defesa que caiu como uma bomba. Depois, surge o caso do Pinheirinho, relacionado a uma desapropriação em que ele atuou como militante do MTST doze anos atrás, justamente quando agora tenta se desvincular da imagem de invasor. O timing não poderia ser pior.
O problema é que Boulos está tentando uma nova imagem, dizendo que agora só quer “invadir corações”. Mas a notícia de que a Justiça levou seis anos para encontrá-lo em um processo, mesmo com ele em plena atividade pública e na TV quase diariamente, prejudica essa narrativa. Se é ou não culpa dele, se a Justiça realmente não fez o seu papel, isso pouco importa; para o eleitor, o estrago está feito. Fica no ar a sensação de que há algo mal resolvido.
E o que isso significa para Boulos? Significa que, apesar de continuar sendo bem votado, ele pode voltar ao parlamento com uma estatura política menor do que tinha antes. Enquanto isso, Tábata Amaral, outra força crescente da esquerda em São Paulo, parece crescer e consolidar sua posição. São duas trajetórias diferentes: Boulos, mesmo sendo uma figura maior que Tábata, parece estar encolhendo aos olhos do público, enquanto ela cresce.
Agora, vamos ser francos: tudo isso vai tirar votos de Boulos? Provavelmente não. No Brasil, denúncias, investigações, e até condenações não parecem mais pesar contra os políticos como antes. O presidente é o Lula, condenado e eleito. Esse tipo de desgaste não tem o mesmo impacto que tinha antes. A degradação dos valores e das instituições é evidente, e a verdade é que as pessoas só se incomodam com a corrupção do outro lado. Quando é no seu campo político, tudo é perdoado.
Essa perda da bússola moral não vai nos levar a um país melhor, nem pela direita, nem pela esquerda. Para que as ideias sejam apresentadas e debatidas de forma justa, precisamos primeiro de uma base ética comum, onde o errado é errado, independente de quem o cometa. Sem isso, continuaremos nesse ciclo vicioso de defender o indefensável, desde que seja do “nosso lado”.
O caso de Janones é um bom exemplo: Boulos poderia ter se afastado, poderia ter deixado um suplente cuidar do caso, mas provavelmente não o fez porque já percebeu que, para o eleitor, isso não faz diferença. A indignação nas redes sociais é alta, mas na urna, a história é outra.
É hora de colocar a mão na consciência. Não dá para sair defendendo qualquer coisa e achar que está tudo bem. A política brasileira está se moldando ao que o eleitor permite, e se queremos políticos melhores, precisamos elevar nossas expectativas. Ninguém é tratado de uma forma que não permita ser tratado. O eleitor brasileiro precisa aprender a impor respeito. Se continuarmos aceitando tudo, os políticos continuarão nos entregando o mínimo. É preciso exigir mais, muito mais.
O inferno astral de Guilherme Boulos
Problema é que Guilherme Boulos está tentando uma nova imagem, dizendo que agora só quer "invadir corações"
Guilherme Boulos entrou em uma maré de azar impressionante nesta campanha. Em um momento crucial, com as pesquisas mostrando uma corrida apertada entre ele, Ricardo Nunes e Pablo Marçal, Boulos viu dois rojões explodirem em sua direção. Primeiro, ao tentar defender André Janones de acusações de rachadinha, ele argumentou que Janones não deveria ser punido porque outros também não foram — uma defesa que caiu como uma bomba. Depois, surge o caso do Pinheirinho, relacionado a uma desapropriação em que ele atuou como militante do MTST doze anos atrás, justamente quando agora tenta se desvincular da imagem de invasor. O timing não poderia ser pior.
O problema é que Boulos está tentando uma nova imagem, dizendo que agora só quer “invadir corações”. Mas a notícia de que a Justiça levou seis anos para encontrá-lo em um processo, mesmo com ele em plena atividade pública e na TV quase diariamente, prejudica essa narrativa. Se é ou não culpa dele, se a Justiça realmente não fez o seu papel, isso pouco importa; para o eleitor, o estrago está feito. Fica no ar a sensação de que há algo mal resolvido.
E o que isso significa para Boulos? Significa que, apesar de continuar sendo bem votado, ele pode voltar ao parlamento com uma estatura política menor do que tinha antes. Enquanto isso, Tábata Amaral, outra força crescente da esquerda em São Paulo, parece crescer e consolidar sua posição. São duas trajetórias diferentes: Boulos, mesmo sendo uma figura maior que Tábata, parece estar encolhendo aos olhos do público, enquanto ela cresce.
Agora, vamos ser francos: tudo isso vai tirar votos de Boulos? Provavelmente não. No Brasil, denúncias, investigações, e até condenações não parecem mais pesar contra os políticos como antes. O presidente é o Lula, condenado e eleito. Esse tipo de desgaste não tem o mesmo impacto que tinha antes. A degradação dos valores e das instituições é evidente, e a verdade é que as pessoas só se incomodam com a corrupção do outro lado. Quando é no seu campo político, tudo é perdoado.
Essa perda da bússola moral não vai nos levar a um país melhor, nem pela direita, nem pela esquerda. Para que as ideias sejam apresentadas e debatidas de forma justa, precisamos primeiro de uma base ética comum, onde o errado é errado, independente de quem o cometa. Sem isso, continuaremos nesse ciclo vicioso de defender o indefensável, desde que seja do “nosso lado”.
O caso de Janones é um bom exemplo: Boulos poderia ter se afastado, poderia ter deixado um suplente cuidar do caso, mas provavelmente não o fez porque já percebeu que, para o eleitor, isso não faz diferença. A indignação nas redes sociais é alta, mas na urna, a história é outra.
É hora de colocar a mão na consciência. Não dá para sair defendendo qualquer coisa e achar que está tudo bem. A política brasileira está se moldando ao que o eleitor permite, e se queremos políticos melhores, precisamos elevar nossas expectativas. Ninguém é tratado de uma forma que não permita ser tratado. O eleitor brasileiro precisa aprender a impor respeito. Se continuarmos aceitando tudo, os políticos continuarão nos entregando o mínimo. É preciso exigir mais, muito mais.