O grande desafio para as eleições deste ano
Há um grande desafio para as eleições deste ano: reconectar as pessoas com a realidade. A pesquisa Atlas-Intel...
Há um grande desafio para as eleições deste ano: reconectar as pessoas com a realidade. A pesquisa Atlas-Intel, feita para avaliar opiniões sobre 8 de janeiro, traz dados preocupantes sobre a confiança nas eleições.
Uma das perguntas feitas foi a seguinte: “Na sua opinião, Lula venceu de fato a eleição (ganhou mais votos que o Bolsonaro)?”. O resultado é assustador, com 38,2% dizendo que não acreditam que Lula ganhou mais votos que Bolsonaro.
O que exatamente essas pessoas todas, um número que não pode ser ignorado, pensam que ocorreu no processo eleitoral? A mesma pergunta foi feita em janeiro do ano passado, logo após 8 de janeiro. Os números se mantém, não cederam de lá para cá.
O apoio à depredação caiu. A pesquisa perguntou, em janeiro do ano passado e agora, se havia justificativa para a invasão e depredação dos prédios públicos. De cara, 53% diziam ser completamente injustificada, número que subiu para 59%. Os que consideravam parcialmente justificada caíram de 28% para 15%.
Um ano depois, as invasões são vistas de outra forma. As eleições não. E este é um ano eleitoral.
A questão das urnas, no entanto, não é vista como o ponto central do 8 de janeiro. Apenas 20% crêem que estivesse por trás dos atos. A maior aposta, de 34%, é de fanatismo político e polarização.
A pesquisa mostra que as pessoas responsabilizam Jair Bolsonaro pelo que aconteceu, a maioria acha que ele tem de ser preso e também que está correta a punição com inelegibilidade.
O ex-presidente pegou carona, como fazia com frequência, em um dos discursos de Donald Trump. Criou dúvidas sobre a lisura do sistema eleitoral. Nos Estados Unidos, o alvo eram os votos pelos correios. Aqui foram as urnas eletrônicas.
O grande desafio no ano eleitoral é como criar confiança quando houve eficiência em criar desconfiança. Nem tudo é fruto do bolsonarismo, a desconfiança nas instituições já era antiga e crescente e ajuda a desconfiar de tudo o que fazem as instituições.
A luta entre criar confiança e criar desconfiança é absolutamente desigual. Demoramos a confiar, precisamos saber, entender, perguntar, escrutinar, colocar à prova. Criar desconfiança é a coisa mais fácil do mundo, basta uma fofoca, uma intuição, uma coincidência infeliz.
A desconfiança foi criada e não só nos radicais, em uma parcela de quase 40% da população. Estamos num ano eleitoral em que as coisas novamente serão decididas no voto. O que faremos para que essas pessoas pelo menos entrem no caminho de confiar de novo nesse sistema?
É preciso fazer algo que até agora não foi feito. Talvez, se Lula tivesse descido do palanque e se comportado como o presidente de todos, as coisas fossem diferentes.
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