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O gesto obsceno que nos fazem todos os dias

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Mario Sabino
3 minutos de leitura 22.09.2021 12:58 comentários
Opinião

O gesto obsceno que nos fazem todos os dias

Tudo o que foi dito e escrito sobre Jair Bolsonaro em Nova York -- inclusive neste site -- é redundante e inútil. O presidente Jair Bolsonaro não é persona do cidadão Jair Bolsonaro. Ele é invariavelmente a mesma criatura tosca, com viés sociopático, não importa se no seu gabinete, no cercadinho com os seus apoiadores, em viagem presidencial ou na cozinha do Palácio do Alvorada. Não há ser mais autêntico a ter ocupado o cargo de supremo mandatário da nação...

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Mario Sabino
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O gesto obsceno que nos fazem todos os dias
Foto: Adriano Machado/Crusoé

Tudo o que foi dito e escrito sobre Jair Bolsonaro em Nova York — inclusive neste site — é redundante e inútil. O presidente Jair Bolsonaro não é persona do cidadão Jair Bolsonaro. Ele é invariavelmente a mesma criatura tosca, com viés sociopático, não importa se no seu gabinete, no cercadinho com os seus apoiadores, em viagem presidencial ou na cozinha do Palácio do Alvorada. Não há ser mais autêntico a ter ocupado o cargo de supremo mandatário da nação — nem o general João Batista Figueiredo, conhecido por suas declarações grosseiras, foi tão longe –, numa prova de que a autenticidade pode ser mais defeito do que qualidade.

A questão não é ser ou não ser Jair Bolsonaro, mas por que mantê-lo no Palácio do Planalto. Mais uma vez, é preciso que se diga: o atual presidente da República é, ele próprio, a pior crise que poderia ocorrer no Brasil neste momento. Jair Bolsonaro é a maior causa das quase 600 mil mortes por Covid no país, de termos chegado atrasados à compra de vacinas e da desinformação em relação a remédios ineficazes contra a doença. Ele também é o motivo dos desgovernos na economia, na educação e no meio ambiente, pelos quais pagamos o preço da inflação crescente e do aumento da miséria, da piora no nível escolar das nossas crianças e jovens, que já era abissal, e do crescimento da destruição de ecossistemas vitais.

Tudo sempre esteve ruim no país, sob qualquer governo, que ninguém se engane com os mentirosos, mas quase tudo piorou ainda mais sob Jair Bolsonaro. O que foi adiante na direção positiva deve-se ao empenho teimoso de abnegados que conseguiram avanços na legislação trabalhista (que os sindicalistas de toga já torpedeiam) e no marco legal do saneamento, para ficar em dois dos escassos exemplos dignos de nota. Tirá-lo do Palácio do Planalto, por meio do instrumento constitucional do impeachment, representaria um alívio para todos os cidadãos de bem e uma ótima sinalização para os agentes econômicos, aí incluído o mercado assustadiço, que logo perceberia a vantagem de não ter um doido no que ainda resta de comando do espetáculo. Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff se fizeram merecedores de perder o mandato por muito menos.

Por que, então, preservar Jair Bolsonaro na presidência da República até o final de 2022? Porque tem muita gente faturando com isso. Desde o notório Centrão, com a sua sanha fisiológica e corrupta, até os vampiros eleitoreiros que se alimentam do sangue dos brasileiros, ao deixar Jair Bolsonaro sangrando na cadeira presencial. Passando pelos liberticidas no Judiciário que, a pretexto de defender a democracia contra os arroubos bolsonaristas, solapam-na em benefício próprio — e, dado assustador, com o apoio de jornalistas ingênuos, que não percebem a arapuca que se arma lá adiante contra a liberdade de expressão.

Quem decidiu manter Jair Bolsonaro na presidência da República é uma gente tão ou mais perigosa que a criatura tosca, com viés sociopático, que nos desgoverna e envergonha. Eles nos fazem o gesto obsceno de Queiroga todos os dias.

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Mario Sabino

Mario Sabino é jornalista, escritor e sócio-fundador de O Antagonista. Escreve sobre política e cultura. Foi redator-chefe da revista Veja.

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