O enredo fantástico do bolsonarismo
A notícia deste domingo foi uma não-notícia: Jair Bolsonaro decidiu guardar as armas nas manifestações do Dia do Trabalho organizadas por seus seguidores. Em Brasília, ele fez uma rápida caminhada para cumprimentar apoiadores e gravou um vídeo curto. Também foi por vídeo sua participação no evento de São Paulo. Ele nada disse contra o Supremo, o TSE ou seus ministros. Nem fez referências ao suposto papel eleitoral das Forças Armadas. Nas duas gravações lacônicas, ele dedicou o dia à celebração "da Constituição, da democracia e da liberdade"...
Carlos Graieb escreve na Crusoé sobre o domingo morno de Jair Bolsonaro:
“A notícia deste domingo foi uma não-notícia: Jair Bolsonaro (foto) decidiu guardar as armas nas manifestações do Dia do Trabalho organizadas por seus seguidores. Em Brasília, ele fez uma rápida caminhada para cumprimentar apoiadores e gravou um vídeo curto. Também foi por vídeo sua participação no evento de São Paulo. Ele nada disse contra o Supremo, o TSE ou seus ministros. Nem fez referências ao suposto papel eleitoral das Forças Armadas. Nas duas gravações lacônicas, ele dedicou o dia à celebração “da Constituição, da democracia e da liberdade”.
Lula, o outro personagem do dia, subiu ao palco em São Paulo e falou por cerca de quinze minutos a uma plateia que, formada por sindicalistas e militantes de esquerda, era rala. Ele pediu desculpas por uma asneira dita no sábado, quando deu a entender que policiais, bem, não são gente. Agrediu o presidente da República com termos como “genocida” e “miliciano”. Abordou pontos fracos do governo, como desemprego, inflação e políticas sociais. Agiu, enfim, como um candidato de oposição.
O público era pouco e Lula hoje soa velho. Mas nada disso faz muita diferença. Desde sempre, esteve nas mãos de Bolsonaro definir a temperatura do dia, e ele optou por deixá-lo morno.
Não vejo razões para comemorar. Esse momento de contenção, que já havia sido ensaiado no meio da semana, quando Bolsonaro disse que jamais foi sua intenção “peitar o STF”, não representa uma mudança de estilo há poucos meses das eleições. Uma maneira de descrever o governo Bolsonaro é como um esforço prolongado para inverter o sentido da Constituição brasileira, bem como de palavras como liberdade e democracia, empregadas por ele nas falas deste domingo.”
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