Maduro está perdendo a força ou será salvo pelo BRICS?
Lula está entre o bloco, liderado por autocracias, e a Europa. Para que lado ele vai cair?
O BRICS, que começou como uma aliança econômica de países em desenvolvimento, virou um refúgio para ditadores em apuros. Vemos hoje o bloco sendo usado como uma tábua de salvação por regimes autoritários que estão perdendo apoio. E entre esses ditadores em dificuldades, Nicolás Maduro ocupa um lugar central.
A situação de Maduro na Venezuela é cada vez mais crítica. Sua ditadura já se prolonga por tempo demais, enquanto cerca de 20% da população deixou o país. O que resta é um governo que só se sustenta à base de sequestros, espancamentos e desaparecimentos forçados. Mesmo com o controle total do Judiciário e do sistema eleitoral, Maduro já não consegue esconder suas fraudes, que ficaram evidentes até para a comunidade internacional. O apoio interno se esfarela e até dentro da máquina do Estado já há sinais de dissidência.
Outro ditador em maus lençóis é Vladimir Putin. Quando ele invadiu a Ucrânia, a narrativa era de que a Rússia transformaria o país em estacionamento em questão de semanas. Agora, dois anos depois, a Rússia está afundada em uma guerra desgastante e a popularidade de Putin começa a desmoronar. Ele responde com mais militarização e aumento de verbas para propaganda, enquanto a população russa se cansa da guerra. Além disso, o impacto das sanções internacionais piora sua imagem e enfraquece seu regime.
O Irã, com seus aiatolás, também enfrenta tempos difíceis. O regime patrocinou o terrorismo no Oriente Médio por anos, e agora está sendo desafiado por uma insurgência constante, especialmente por parte das mulheres. As ruas estão cheias de protestos diários, mesmo diante da repressão brutal. A influência do Irã na região também está em declínio, especialmente após Israel ter intensificado os ataques contra líderes do Hamas e Hezbollah, grupos financiados por Teerã.
Enquanto isso, a China, a maior ditadura de todas, parece tranquila. O Partido Comunista Chinês, com sua prosperidade econômica, mantém a população relativamente satisfeita e segue expandindo sua influência, especialmente na África. Diferente dos outros regimes, a China não enfrenta grandes crises internas, e isso a torna um pilar para outros regimes autoritários que estão em apuros, como a Venezuela de Maduro e a Nicarágua de Daniel Ortega.
Maduro e Ortega estão desesperados por apoio e veem no BRICS uma oportunidade de blindagem contra as pressões internacionais. Lula entra em uma encruzilhada complicada. Ele não pode simplesmente endossar uma aliança com as piores ditaduras da região sem sofrer sérias consequências políticas. Já inseriu a Bolívia e Cuba nos aspirantes ao grupo. Admitir também Venezuela ou Nicarágua seria um passo que poderia arruinar sua imagem. O grupo criado por ele reuniria, na América Latina, praticamente só ditaduras.
Há uma estratégia em andamento para criar um “novo eixo” no cenário mundial, que funcione como contraponto às democracias. Para isso, são necessários recursos militares e energéticos, algo que o BRICS pode fornecer. Quando Putin e a China decidirem que é importante ter a Venezuela e a Nicarágua ao lado, esses países entrarão no grupo. O plano está em movimento, mesmo que por ora Maduro tenha sofrido derrotas temporárias.
De outro lado, a União Europeia já anunciou que está prestes a fechar um acordo com o Mercosul. Isso significa dinheiro, investimentos e, potencialmente, uma saída para o Brasil. Lula está entre o BRICS, liderado por autocracias, e a Europa. Para que lado ele vai cair?
Há quem diga que a aposta brasileira é em uma mudança do eixo do poder mundial. Nessa lógica, as grandes democracias vão perder espaço para autocracias como China, Rússia e Irã. Também há quem acredite que o Brasil ainda é grande demais para embarcar nessa aventura autoritária e carregar o continente.
O futuro de nossa posição geopolítica está em jogo, e a grande pergunta é: Maduro, Putin e seus aliados conseguirão transformar o BRICS em um clube de ditadores, ou o Brasil vai manter sua liderança democrática na América Latina? Espero que o Brasil seja grande demais para se submeter a essa aventura e que o recado dado nas urnas recentemente tenha sido claro o suficiente.
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