Maduro está perdendo a força ou será salvo pelo BRICS?

29.04.2025

logo-crusoe-new
O Antagonista

Maduro está perdendo a força ou será salvo pelo BRICS?

avatar
Madeleine Lacsko
4 minutos de leitura 24.10.2024 22:00 comentários
Madeleine Lacsko

Maduro está perdendo a força ou será salvo pelo BRICS?

Lula está entre o bloco, liderado por autocracias, e a Europa. Para que lado ele vai cair?

avatar
Madeleine Lacsko
4 minutos de leitura 24.10.2024 22:00 comentários 0
Maduro está perdendo a força ou será salvo pelo BRICS?
Arte: O Antagonista

O BRICS, que começou como uma aliança econômica de países em desenvolvimento, virou um refúgio para ditadores em apuros. Vemos hoje o bloco sendo usado como uma tábua de salvação por regimes autoritários que estão perdendo apoio. E entre esses ditadores em dificuldades, Nicolás Maduro ocupa um lugar central.

A situação de Maduro na Venezuela é cada vez mais crítica. Sua ditadura já se prolonga por tempo demais, enquanto cerca de 20% da população deixou o país. O que resta é um governo que só se sustenta à base de sequestros, espancamentos e desaparecimentos forçados. Mesmo com o controle total do Judiciário e do sistema eleitoral, Maduro já não consegue esconder suas fraudes, que ficaram evidentes até para a comunidade internacional. O apoio interno se esfarela e até dentro da máquina do Estado já há sinais de dissidência.

00:00/01:00
Truvid
auto skip

Outro ditador em maus lençóis é Vladimir Putin. Quando ele invadiu a Ucrânia, a narrativa era de que a Rússia transformaria o país em estacionamento em questão de semanas. Agora, dois anos depois, a Rússia está afundada em uma guerra desgastante e a popularidade de Putin começa a desmoronar. Ele responde com mais militarização e aumento de verbas para propaganda, enquanto a população russa se cansa da guerra. Além disso, o impacto das sanções internacionais piora sua imagem e enfraquece seu regime.

O Irã, com seus aiatolás, também enfrenta tempos difíceis. O regime patrocinou o terrorismo no Oriente Médio por anos, e agora está sendo desafiado por uma insurgência constante, especialmente por parte das mulheres. As ruas estão cheias de protestos diários, mesmo diante da repressão brutal. A influência do Irã na região também está em declínio, especialmente após Israel ter intensificado os ataques contra líderes do Hamas e Hezbollah, grupos financiados por Teerã.

Enquanto isso, a China, a maior ditadura de todas, parece tranquila. O Partido Comunista Chinês, com sua prosperidade econômica, mantém a população relativamente satisfeita e segue expandindo sua influência, especialmente na África. Diferente dos outros regimes, a China não enfrenta grandes crises internas, e isso a torna um pilar para outros regimes autoritários que estão em apuros, como a Venezuela de Maduro e a Nicarágua de Daniel Ortega.

Maduro e Ortega estão desesperados por apoio e veem no BRICS uma oportunidade de blindagem contra as pressões internacionais. Lula entra em uma encruzilhada complicada. Ele não pode simplesmente endossar uma aliança com as piores ditaduras da região sem sofrer sérias consequências políticas. Já inseriu a Bolívia e Cuba nos aspirantes ao grupo. Admitir também Venezuela ou Nicarágua seria um passo que poderia arruinar sua imagem. O grupo criado por ele reuniria, na América Latina, praticamente só ditaduras.

Há uma estratégia em andamento para criar um “novo eixo” no cenário mundial, que funcione como contraponto às democracias. Para isso, são necessários recursos militares e energéticos, algo que o BRICS pode fornecer. Quando Putin e a China decidirem que é importante ter a Venezuela e a Nicarágua ao lado, esses países entrarão no grupo. O plano está em movimento, mesmo que por ora Maduro tenha sofrido derrotas temporárias.

De outro lado, a União Europeia já anunciou que está prestes a fechar um acordo com o Mercosul. Isso significa dinheiro, investimentos e, potencialmente, uma saída para o Brasil. Lula está entre o BRICS, liderado por autocracias, e a Europa. Para que lado ele vai cair?

Há quem diga que a aposta brasileira é em uma mudança do eixo do poder mundial. Nessa lógica, as grandes democracias vão perder espaço para autocracias como China, Rússia e Irã. Também há quem acredite que o Brasil ainda é grande demais para embarcar nessa aventura autoritária e carregar o continente.

O futuro de nossa posição geopolítica está em jogo, e a grande pergunta é: Maduro, Putin e seus aliados conseguirão transformar o BRICS em um clube de ditadores, ou o Brasil vai manter sua liderança democrática na América Latina? Espero que o Brasil seja grande demais para se submeter a essa aventura e que o recado dado nas urnas recentemente tenha sido claro o suficiente.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Justiça nega pedido de Neymar para censurar podcast

Visualizar notícia
2

Os destinos de Collor e Bolsonaro

Visualizar notícia
3

A arte de explicar Dilma

Visualizar notícia
4

Entenda fraudes no INSS, narrativas do governo Lula e papel do jornalismo

Visualizar notícia
5

PF aponta repasses suspeitos a integrantes do INSS

Visualizar notícia
6

Mendonça diverge de Moraes e defende soltura de Collor

Visualizar notícia
7

Gesto discreto de William facilitou encontro entre Trump e Zelensky no Vaticano

Visualizar notícia
8

AGU aciona Meta contra símbolos do governo em anúncios fraudulentos

Visualizar notícia
9

Lula com Assange após enterro de Francisco

Visualizar notícia
10

Brasil levou a “carreta furacão” para o funeral do Papa Francisco

Visualizar notícia
1

A arte de explicar Dilma

Visualizar notícia
2

Entenda fraudes no INSS, narrativas do governo Lula e papel do jornalismo

Visualizar notícia
3

Líder do PDT pressiona Lula contra demissão de Lupi

Visualizar notícia
4

A farra dos conselhos no governo Lula

Visualizar notícia
5

Haddad manda recado ao Congresso sobre responsabilidade fiscal

Visualizar notícia
6

AGU aciona Meta contra símbolos do governo em anúncios fraudulentos

Visualizar notícia
7

Crusoé: Cessar-fogo maroto de Putin é para garantir a festa

Visualizar notícia
8

Por que rupturas morais incomodam tanto?

Visualizar notícia
9

Lula com Assange após enterro de Francisco

Visualizar notícia
10

EUA cortam imigração ilegal em 99,9% em cem dias

Visualizar notícia
1

Crusoé: Venezuelanos asilados em embaixada argentina cobram Lula

Visualizar notícia
2

Dilma e o papa “religioso”

Visualizar notícia
3

Os destinos de Collor e Bolsonaro

Visualizar notícia
4

Congresso e STF vão fechar acordão sobre anistia?

Visualizar notícia
5

Fraudes no INSS: Lupi tem de ser demitido

Visualizar notícia
6

PF aponta repasses suspeitos a integrantes do INSS

Visualizar notícia
7

“Não dá para ficar vendendo sonho”, diz Motta sobre PEC do fim da escala 6×1

Visualizar notícia
8

Brasil levou a “carreta furacão” para o funeral do Papa Francisco

Visualizar notícia
9

Tarcísio elogia política fiscal de Milei

Visualizar notícia
10

Jack Reacher: saiba quais livros inspiraram filmes e série

Visualizar notícia

logo-oa
Assine nossa newsletter Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

Brics Narrativas Antagonista Nicolás Maduro Venezuela
< Notícia Anterior

Fortes chuvas e ventania matam 3 pessoas no Rio de Janeiro

24.10.2024 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Trump tem 49% e Kamala 46%, aponta pesquisa

24.10.2024 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Madeleine Lacsko

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Brasil levou a &quot;carreta furacão&quot; para o funeral do Papa Francisco

Brasil levou a "carreta furacão" para o funeral do Papa Francisco

Madeleine Lacsko Visualizar notícia
Jerônimo Teixeira na Crusoé: Manifesto do isentão melancólico

Jerônimo Teixeira na Crusoé: Manifesto do isentão melancólico

Visualizar notícia
Dennys Xavier na Crusoé: O escândalo e a lógica

Dennys Xavier na Crusoé: O escândalo e a lógica

Visualizar notícia
Por que os sindicatos não se organizam para devolver o dinheiro aos aposentados do INSS?

Por que os sindicatos não se organizam para devolver o dinheiro aos aposentados do INSS?

Madeleine Lacsko Visualizar notícia
Icone casa
Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de cookies.

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.