Lula usa padrão Boulos para citar o Hamas
Após várias manifestações em que não citou o Hamas, Lula publicou nas redes sociais o que sua assessoria chama de “apelo do presidente” em “defesa das crianças palestinas e israelenses” – o que, naturalmente, induz a imprensa amiga a emplacar manchetes benevolentes. Dessa vez, pressionado pela...
Após várias manifestações em que não citou o Hamas, Lula publicou nas redes sociais o que sua assessoria chama de “apelo do presidente” em “defesa das crianças palestinas e israelenses” – o que, naturalmente, induz a imprensa amiga a emplacar manchetes benevolentes.
Dessa vez, pressionado pela repercussão negativa dos numerosos panos da esquerda para os responsáveis pelo massacre de 7 de outubro e também pelas notícias sobre um brasileiro e uma brasileira assassinados, Lula citou o nome do grupo, mas, assim como Guilherme Boulos, não o chamou de terrorista.
Sem referência direta ao massacre, ele pregou, genericamente, o “fim” da “mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio” e, embora tenha defendido a libertação de crianças israelenses sequestradas pelo Hamas, defendeu em seguida “que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito”.
Na prática, Lula sorrateiramente iguala os não nominados terroristas do Hamas ao governo eleito de Israel em matéria de violação de direitos humanos e, em nome da “promoção da paz”, cobra um cessar-fogo imediato – ou seja, logo após o assassinato de 1.200 israelenses, a maioria deles civis –, o que só beneficia os terroristas, rendendo mais tempo para se protegerem e planejarem novos ataques.
O presidente omite, também, que o Hamas, ao contrário de Israel, historicamente usa escolas como armazéns de mísseis e palestinos inocentes como escudos humanos, impedindo ele próprio a saída do povo que diz defender e explorando o valor de face das narrativas na guerra de propaganda, enquanto “existe uma equipe no Exército de Israel” cujo trabalho “é ligar para os civis em Gaza e avisar que o local vai ser atacado”, como confirmou em vídeo um brasileiro jamais citado por Lula, Rafael Tabajuihanski, sargento da infantaria paraquedista das Forças de Defesa israelenses.
“Eles [os civis] têm um tempo para poderem evacuar o prédio, evacuar a área, antes do ataque. Isso segue o mesmo. Isso nunca vai mudar. Até porque a política do Exército israelense é evitar baixas civis, tanto em Gaza quanto na Cisjordânia. Eles [os militares] seguem fazendo ligações, seguem jogando panfletos. Vai seguir assim”, completou Rafael.
Em 31 de outubro de 2022, o site oficial do Hamas (que pode ser lido em língua árabe ou em inglês) publicou uma nota congratulando Lula pela vitória eleitoral contra Bolsonaro. Se Lula continuar atuando, sob pretextos humanitários que enganam mentes mais ingênuas, para constranger a legítima defesa da vítima dos terroristas, é capaz de ganhar mais uma notinha.
Eis a íntegra da nota do presidente:
“Quero fazer um apelo ao secretário-geral da ONU, Antonio Gutierres, e à comunidade internacional para que, juntos e com urgência, lancemos mão de todos os recursos para pôr fim à mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio. Crianças jamais poderiam ser feitas de reféns, não importa em que lugar do mundo. É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra. É urgente uma intervenção humanitária internacional. É urgente um cessar fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas. O Brasil, na presidência provisória do Conselho de Segurança da ONU, se juntará aos esforços para que cesse de imediato e em definitivo o conflito. E continuará trabalhando pela promoção da paz e em defesa dos direitos humanos no mundo.
Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente do Brasil”.
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A propósito, fica a pergunta:
Será que Guilherme Boulos consegue falar em ataque terrorista e Hamas, ao mesmo tempo, até o dia da eleição?
Marcelo Freixo, quando tomou banho de loja para tentar ser eleito, falou até contra a legalização das drogas.
Mas era tarde. https://t.co/FCN9RyuSLS
— Felipe Moura Brasil (@FMouraBrasil) October 11, 2023
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