Lula diz o que pensa sobre guerra e geopolítica, falta só ouvir Lula diz o que pensa sobre guerra e geopolítica, falta só ouvir
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Lula diz o que pensa sobre guerra e geopolítica, falta só ouvir

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Madeleine Lacsko
4 minutos de leitura 25.10.2023 16:47 comentários
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Lula diz o que pensa sobre guerra e geopolítica, falta só ouvir

É tanto tradutor de político em atividade que Lula não consegue fazer com que levem a sério o que diz sobre guerra e geopolítica. Ele fala com todas as letras o que pensa e como pretende posicionar o Brasil no cenário internacional...  

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Lula diz o que pensa sobre guerra e geopolítica, falta só ouvir
Arte: O Antagonista

É tanto tradutor de político em atividade que Lula não consegue fazer com que levem a sério o que diz sobre guerra e geopolítica. Ele fala com todas as letras o que pensa e como pretende posicionar o Brasil no cenário internacional. Tem sido inútil.

Basta o presidente abrir a boca, que a turma do passapanismo se apressa para explicar a gafe, o deslize ou, se for algo gravíssimo, erro na fala. Lula é bom, é amor, portanto jamais diria algo assim. Perdoe se ele não sabe o que fala.

Desde a invasão da Ucrânia, ficou cristalina a intenção de reposicionar o Brasil no tabuleiro geopolítico. Há muitos anos a China se tornou o principal parceiro comercial do nosso país. O alinhamento como bloco, no entanto, está com as democracias ocidentais.

Nos imaginamos como parte dos países que buscam manter e avançar a democracia, os direitos humanos e as liberdades individuais. As falas e ações de Lula indicam que essa página está prestes a ser virada.

Este é só mais um capítulo. Há diversos outros que deixei registrados nas minhas colunas aqui em O Antagonista. Agora, Lula enfiou até o vocalista do Pink Floyd, Roger Waters, no meio da história. Não adiantou.

A militância do nosso Rei Sol tupiniquim é tão fiel que conseguiu reverter a história toda para um embate entre bolsonarismo e lulismo. Roger Waters fez parte da campanha #EleNão em 2018, se colocando contra Jair Bolsonaro. Também tentou visitar Lula na cadeia.

Agora, ele volta para uma turnê na América do Sul envolto em polêmica. Desde o início do ano, está sendo investigado na Alemanha por promoção do nazismo. É um tema bem complexo. O Pink Floyd sempre teve letras políticas, e a performance usando o uniforme nazista surge como forma de crítica à doutrina, não endosso.

A batata quente foi parar no colo de Flavio Dino. Entidades ligadas ao mundo judaico queriam que ele negasse o visto do músico. Isso foi meses atrás. A solução foi definir que ele seja acompanhado pela Polícia Federal nas apresentações, tentando garantir que não use o uniforme nazista.

Ocorre que Roger Waters tem feito há algum tempo declarações bastante contundentes contra o Estado de Israel e em defesa da Palestina. Ele disse várias vezes textualmente que considera que Israel pratica genocídio e justifica as ações violentas vindas dos palestinos. No contexto atual, isso virou um barril de pólvora.

É nesse contexto que Lula resolve receber o músico oficialmente e postar a foto. Faz porque tem algo a dizer. Há quem argumente que seria um aliado político. Caso Lula ainda seja de esquerda, é absolutamente patético alegar isso. Seria uma interferência imperialista, do capitalismo, da cultura pop e da publicidade na política latino-americana.

Na verdade é tudo isso, mas serve a Lula porque é a narrativa antiamericana, que pinta os Estados Unidos como o império a ser combatido. O oportunismo é o que faz o presidente tentar alinhar o Brasil com China, Rússia e Irã. Parece mesmo que será o bloco dominante economicamente.

Resta saber como e em quanto tempo o impacto sobre a nossa vida virá. Lula toma uma decisão geopolítica que nos coloca num contexto completamente distinto com relação a garantias e direitos. São países onde mulheres não têm direito a vida pública, homossexuais são presos ou têm pena de morte, não há liberdade de expressão e os direitos individuais são sacrificados em nome de uma pretensa coletividade.

Para os que pensam ser impossível ir de onde estamos para um regime de dar gosto aos aiatolás, sugiro pesquisar como era há 50 anos o Irã, nosso novo parceiro de Bricstão. A cultura era ocidentalizada, havia uma tentativa de abertura e queixas sobre o regime dos xás.

Nesta semana, duas jornalistas iranianas foram presas por noticiar que a polícia de costumes do país assassinou uma moça no metrô. Ela estava usando o hijab de forma considerada inadequada pelos policiais. Foi espancada até entrar em coma e, dias depois, não resistiu aos ferimentos. A filmagem rodou o mundo.

Esse é o novo normal do Irã. São coisas que chegam aos poucos, como um sapo cozido lentamente. Resta saber em que ponto do cozimento estamos e se há ou não uma forma de estancar o processo.

 

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