Leonardo Barreto na Crusoé: O judicialismo como rebaixamento da política
Em vez de trabalhar com o Congresso para fazer política pública, governo fez dobradinha com Flávio Dino, do STF
Quando Flávio Dino foi indicado para ocupar uma cadeira no STF, não achei que aquele fosse um movimento natural. Explico. Lula é o que se chama de um “líder mangueira”, em uma referência à árvore que, de tão frondosa, não deixa nada crescer embaixo. Traduzindo, o líder petista não é de promover pessoas que possam concorrer com ele por brilho e atenção.
À época, partidários petistas diziam que levar Dino para o STF era uma forma de retirá-lo da corrida sucessória. Mas já naquela época esse argumento fazia pouco sentido, porque Dino não estava sendo enviado para uma embaixada no exterior, mas para o centro do picadeiro político de Brasília.
Considerando o papel central do Judiciário no mais amplo leque de decisões políticas, quem disse que um ministro não pode aspirar a disputar a Presidência da República? Lembrando que tanto Nelson Jobim como Joaquim Barbosa já frequentaram o rol dos presidenciáveis, com esse último chegando a ter 10% das intenções de voto.
Continuando minhas investigações sobre as razões de Lula na escolha de Dino, conversei com um advogado membro do famoso grupo Prerrogativas, com grande ascendência sobre o governo atualmente.
Ele explicou que Lula queria um político que fizesse frente ao poder e à gestão política que Gilmar Mendes faz do corpo de ministros. O presidente estaria, portanto, buscando um reequilíbrio político do STF.
Será? Gilmar Mendes não milita na oposição e teve articulação importante na reabilitação eleitoral e política de Lula. Além disso, o excesso de independência de Dino, causa de estranheza, continua presente como fator que não se encaixa no perfil de nomeações que o presidente costuma fazer.
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