Jerônimo Teixeira na Crusoé: A guerra cultural é um circo
O choque permanente entre esquerda identitária e direita populista degrada o debate de ideias e esvazia o exercício da crítica
Preparem-se: 2025 será o ano da guerra cultural.
Bem, o mesmo poderia ser dito sobre 2024. Mas há uma diferença. O ano novo traz de volta à Casa Branca o guerreiro cultural por excelência: Donald Trump.
Em seu segundo mandato, Trump carrega para o governo dos Estados Unidos uma trupe de soldados com mais experiência nas trincheiras ideológicas do que na administração pública.
Gente da estirpe de Pete Hegseth, apresentador da Fox News, e de Robert Kennedy Jr., conspiracionista antivacinas.
Também estará lá Elon Musk, bilionário genial e genioso, e tão empenhado na guerra cultural que decidiu comprar um de seus maiores campos de batalha: o Twitter (hoje, X).
Não se faz guerra sem inimigos. As facções identitárias e radicais do Partido Democrata já fazem gargarejos com malva para garantir a estridência pelos próximos quatro anos.
Nas redações dos grandes jornais, os repórteres preparam-se para “salvar a democracia”.
Nenhuma publicação de Trump no Truth Social deixará de ser escrutinada, e todos os factoides do governo vão ganhar divulgação escandalosa.
Será um circo, sem deixar de ser guerra.
Guerra contra a crítica
Embora seja essencialmente antidemocrática – pois o fim último dos contendores não é apenas derrotar o adversário nas eleições, mas tirá-lo de campo –, a guerra cultural já se incorporou à prática política das democracias liberais (e das nem tão liberais assim).
Tipicamente, a guerra cultural engloba temas morais e comportamentais – aborto, drogas, sexualidade, liberdade de expressão – que dividem esquerda e direita em campos opostos e intransigentes.
O termo correto deveria ser guerra anticultural. Sectária e estreita, essa forma de política não respeita a autonomia e a liberdade de que a cultura deveria gozar em uma sociedade livre.
Por isso o exercício da crítica hoje está irremediavelmente contaminado pela ideologia.
Categorias como representatividade e diversidade de repente dominaram…
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