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27.05.2024

Escolas cívico-militares: solução ou paliativo?

Discussão sobre o modelo das escolas cívico-militares no Brasil é algo que ainda não abordamos com a seriedade necessária

A discussão sobre o modelo das escolas cívico-militares no Brasil é algo que ainda não abordamos com a seriedade necessária. Para qualquer país, a única chance de um bom futuro está em uma educação de qualidade. Temos exemplos recentes dos tigres asiáticos e dos países nórdicos, que colocaram a sociedade num padrão de excelência graças a verdadeiras revoluções educacionais.

O Brasil já investe muito em educação. O montante de dinheiro destinado a este setor é significativo, mas apenas jogar dinheiro não é suficiente. Não é porque você aloca uma grande quantia de recursos que automaticamente terá qualidade. A forma como esse dinheiro é destinado faz toda a diferença, e é justamente aí que falhamos.

As escolas cívico-militares surgiram como uma resposta ao desespero dos pais, que buscam qualquer mudança que possa trazer melhorias. A qualidade do ensino no Brasil, medida por exames como o PISA, é alarmante: 95% dos alunos de 15 anos não sabem matemática básica, e menos da metade domina o português adequadamente. Além da baixa qualidade de ensino, os pais se preocupam com a permissividade, a criminalidade nas escolas, o tráfico de drogas, a violência e a erotização precoce.

Quem vive nessas regiões tende a aprovar o modelo, já que o simples fato de ostentar o título de escola cívico-militar repele a criminalidade e traz uma ideia de ordem e respeito.

No entanto, precisamos nos perguntar: essas escolas podem ser um modelo de futuro para o Brasil ou apenas uma ponte temporária? Elas são caras e atendem a uma parcela muito pequena da população. Em 2022, existiam 202 escolas cívico-militares com 120 mil alunos. Comparado ao total de 47,3 milhões de alunos da educação básica em 178 mil escolas, é um número insignificante. O aumento de alunos de 2021 para 2022 foi de 714 mil, mais de três vezes o volume atendido por todas as escolas cívico-militares.

As escolas cívico-militares rapidamente se converteram em mais um pilar do embate ideológico entre bolsonarismo e lulismo. Foram implantadas por Bolsonaro, que reclamou dos governadores que não quiseram. Foram revogadas por Lula, que deixa a cargo de cada governador implementar ou não. Vários deles seguiram com o projeto. Nenhum governador vai tirar as escolas cívico-militares depois de implantadas, pois a aceitação entre os pais é alta e a rejeição ao modelo tradicional é mais alta ainda.

Precisamos de dados concretos: custos, eficácia pedagógica, impactos comportamentais. Sabemos que houve melhorias na evasão escolar e na satisfação dos pais, mas faltam avaliações completas. Muitos rejeitam as escolas cívico-militares com argumentos puramente ideológicos, sem considerar que os pais estão desesperados por um modelo que funcione.

Será que algum dia discutiremos seriamente o que é uma educação que possa garantir um futuro ao Brasil? Outros países já acharam que jamais fariam essa discussão, mas acabaram fazendo e se desenvolvendo. O que falta para nós? É algo que precisamos descobrir.

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Escolas cívico-militares: solução ou paliativo?

Discussão sobre o modelo das escolas cívico-militares no Brasil é algo que ainda não abordamos com a seriedade necessária

A discussão sobre o modelo das escolas cívico-militares no Brasil é algo que ainda não abordamos com a seriedade necessária. Para qualquer país, a única chance de um bom futuro está em uma educação de qualidade. Temos exemplos recentes dos tigres asiáticos e dos países nórdicos, que colocaram a sociedade num padrão de excelência graças a verdadeiras revoluções educacionais.

O Brasil já investe muito em educação. O montante de dinheiro destinado a este setor é significativo, mas apenas jogar dinheiro não é suficiente. Não é porque você aloca uma grande quantia de recursos que automaticamente terá qualidade. A forma como esse dinheiro é destinado faz toda a diferença, e é justamente aí que falhamos.

As escolas cívico-militares surgiram como uma resposta ao desespero dos pais, que buscam qualquer mudança que possa trazer melhorias. A qualidade do ensino no Brasil, medida por exames como o PISA, é alarmante: 95% dos alunos de 15 anos não sabem matemática básica, e menos da metade domina o português adequadamente. Além da baixa qualidade de ensino, os pais se preocupam com a permissividade, a criminalidade nas escolas, o tráfico de drogas, a violência e a erotização precoce.

Quem vive nessas regiões tende a aprovar o modelo, já que o simples fato de ostentar o título de escola cívico-militar repele a criminalidade e traz uma ideia de ordem e respeito.

No entanto, precisamos nos perguntar: essas escolas podem ser um modelo de futuro para o Brasil ou apenas uma ponte temporária? Elas são caras e atendem a uma parcela muito pequena da população. Em 2022, existiam 202 escolas cívico-militares com 120 mil alunos. Comparado ao total de 47,3 milhões de alunos da educação básica em 178 mil escolas, é um número insignificante. O aumento de alunos de 2021 para 2022 foi de 714 mil, mais de três vezes o volume atendido por todas as escolas cívico-militares.

As escolas cívico-militares rapidamente se converteram em mais um pilar do embate ideológico entre bolsonarismo e lulismo. Foram implantadas por Bolsonaro, que reclamou dos governadores que não quiseram. Foram revogadas por Lula, que deixa a cargo de cada governador implementar ou não. Vários deles seguiram com o projeto. Nenhum governador vai tirar as escolas cívico-militares depois de implantadas, pois a aceitação entre os pais é alta e a rejeição ao modelo tradicional é mais alta ainda.

Precisamos de dados concretos: custos, eficácia pedagógica, impactos comportamentais. Sabemos que houve melhorias na evasão escolar e na satisfação dos pais, mas faltam avaliações completas. Muitos rejeitam as escolas cívico-militares com argumentos puramente ideológicos, sem considerar que os pais estão desesperados por um modelo que funcione.

Será que algum dia discutiremos seriamente o que é uma educação que possa garantir um futuro ao Brasil? Outros países já acharam que jamais fariam essa discussão, mas acabaram fazendo e se desenvolvendo. O que falta para nós? É algo que precisamos descobrir.

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