Doria, o escorpião de Moro
Como publicamos, na conversa com João Doria, ontem, Sergio Moro "reclamou de 'indícios de sabotagem' por parte da pré-campanha tucana. O governador paulista jurou que não autorizou ninguém a atacá-lo e ambos selaram uma espécie de 'pacto de não agressão'". Além disso, "Doria reiterou o desejo de que as candidaturas 'caminhem juntas, mas paralelas', defendendo que todos tenham o direito de tentar se viabilizar até as convenções partidárias em 2022. Moro concordou e ficaram de se reunir novamente em janeiro"...
Como publicamos, na conversa com João Doria, ontem, Sergio Moro “reclamou de ‘indícios de sabotagem’ por parte da pré-campanha tucana. O governador paulista jurou que não autorizou ninguém a atacá-lo e ambos selaram uma espécie de ‘pacto de não agressão'”. Além disso, “Doria reiterou o desejo de que as candidaturas ‘caminhem juntas, mas paralelas’, defendendo que todos tenham o direito de tentar se viabilizar até as convenções partidárias em 2022. Moro concordou e ficaram de se reunir novamente em janeiro”.
Os “indícios de sabotagem” deveriam incluir matérias que descascam o ex-juiz da Lava Jato em publicações cujos donos são amigos de João Doria e que, por motivos até de ordem policial, não têm nenhuma simpatia por Sergio Moro. A imprensa, infelizmente, também é livre para vender-se, sob aparente imparcialidade.
João Doria traiu Geraldo Alckmin, o seu criador, um dos motivos que podem levar o chuchu a bandear-se para o lado de Lula; João Doria usou de maneira oportunista Jair Bolsonaro, com o seu “bolsodoria”, para conseguir conquistar o governo de São Paulo; João Doria fez inúmeros inimigos dentro do PSDB, por causa dos seus métodos pouco ortodoxos até para os heterodoxos parâmetros brasileiros. Diante desse retrospecto, dá para acreditar que a) João Doria não está por trás de sabotagens a Sergio Moro?; b) o governador de São Paulo respeitará um “pacto de agressão”? A resposta é não e não.
Se não há inimigos para sempre na política, também não existem amigos eternos. As circunstâncias e os interesses ditam as aproximações e os distanciamentos. Mas, mesmo na política, campo de comportamentos éticos bastante largos, há limite para as facadas nas costas — e João Doria já mostrou ignorar esses limites.
Enquanto aperta a mão de Sergio Moro, o governador paulista já vende a ideia, nos seus conchavos, de que o ex-juiz não é capaz de aglutinar forças políticas como ele. E os amigos de João Doria na imprensa não cessarão os ataques a Sergio Moro, inclusive porque a ordem para isso já foi dada e é incancelável. Não faz muito, o ex-juiz reuniu-se com João Doria e Luiz Henrique Mandetta na casa do dono de uma publicação, sem saber que estava pisando em terreno movediço. Sergio Moro pode esperar fogo pesado. É assim que João Doria pretende viabilizar-se até as convenções partidárias em 2022.
Trair é da natureza do escorpião.
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