CPMI dos atos de 8 de janeiro: uma investigação parlamentar inócua
A CPMI dos atos de 8 de janeiro será encerrada amanhã (quarta-feira) sem ter conseguido avançar em relação a outras investigações em curso sobre o quebra-quebra generalizado ocorrido na praça dos Três Poderes...
A CPMI dos atos de 8 de janeiro será encerrada amanhã (quarta-feira) sem ter conseguido avançar em relação a outras investigações em curso sobre o quebra-quebra generalizado ocorrido na praça dos Três Poderes.
Obviamente, nem toda a responsabilidade por esse cenário ruim pode ser creditada à cúpula do colegiado, leia-se a relatora Eliziane Gama (PSD-MA) e ao presidente da CPMI, Arthur Maia. Mas é inegável que esta CPMI cometeu o erro crônico de se furtar a fazer parte do seu trabalho que é, justamente, investigar.
Existe uma máxima em Brasília, segundo a qual, sabe-se como uma CPI começa, mas não se sabe como ela terminará. Um exemplo foi a CPI da Covid. Ela começou com o pomposo objetivo de “apurar as responsabilidades do governo federal na proliferação do novo coronavírus”. No final das contas, a investigação parlamentar se debruçou sobre os primeiros indícios de atos de improbidade administrativa ou de prevaricação do então governo Jair Bolsonaro.
Nem isso a CPMI dos atos de 8 de janeiro conseguiu. E eis que entra a responsabilidade do próprio colegiado. Ao não se debruçar sobre a responsabilidade de militares ou mesmo do próprio governo federal sobre o que aconteceu naquele fatídico 8 de janeiro, a CPMI perdeu sua razão de ser. Eram dois flancos importantes a serem explorados e não o foram por dois motivos básicos: o governo não queria ser investigado e a oposição não queria incriminar aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
E assim a CPMI foi caminhando, neste jogo de esconde-esconde que beneficiou tanto um lado quanto o outro. Se isso não fosse o bastante, o STF ainda se intrometeu de maneira decisiva e inviabilizou depoimentos importantes como, por exemplo, a da ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça Marília Alencar. Marília conseguiu, junto ao ministro Kassio Nunes Marques, uma autorização para sequer comparecer à sessão da CPMI, em uma total e completa interferência dos trabalhos do Poder Legislativo.
Resta saber agora o que apontará o relatório da senadora Eliziane Gama. Sem uma investigação consistente, provavelmente o texto será um pouco o mais do mesmo sobre que já se sabe a respeito dos atos de 8 de janeiro. É provável que Jair Bolsonaro seja indiciado por não ter desestimulado os atos de 8 de janeiro e que alguns personagens como Anderson Torres e Silvinei Vasques sejam também implicados.
Em resumo: nada de novo no front.
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