Caso Marielle é um ícone da impunidade e do “prende e solta” Caso Marielle é um ícone da impunidade e do “prende e solta”
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Caso Marielle é um ícone da impunidade e do “prende e solta” no Brasil

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Madeleine Lacsko
4 minutos de leitura 23.01.2024 18:46 comentários
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Caso Marielle é um ícone da impunidade e do “prende e solta” no Brasil

Tudo indica que teremos a solução do caso Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018. Ronnie Lessa, acusado...

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Caso Marielle é um ícone da impunidade e do “prende e solta” no Brasil
Arte: O Antagonista

Tudo indica que teremos a solução do caso Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018. Ronnie Lessa, acusado de ter dado os tiros, teria dito em delação premiada que o mandante é Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, ex-deputado estadual por cinco mandatos e ex-vereador.

A se confirmar a história, estamos diante de um novo ápice da impunidade, aquela que mistura os crimes de corrupção com os crimes de sangue.

Marielle Franco era vereadora e fazia parte do grupo de autoridades supervisoras da intervenção federal no Rio de Janeiro. Se tem alguém que jamais poderia ter sido alvo de um atentado é este grupo. De que vale uma intervenção incapaz de proteger até mesmo as autoridades que a supervisionam?

Diante da ousadia do crime, o que se esperava era uma solução rapidíssima. Não é o que ocorreu. Já se vão quase seis anos e não há respostas.

Domingos Brazão não era nem para estar solto quando Marielle Franco foi assassinada. Havia sido preso pela Lava Jato em 2017 na Operação Quinto do Ouro.

Era uma ação contra exploração ilegal de garimpo e venda ilegal de ouro no Brasil. Foram para a cadeia cinco dos sete conselheiros do TCE do RJ e também o presidente da Alerj. Nem esquentaram o banco, em uma semana estavam soltos. Logo depois, o STF devolveu o mandato de conselheiro a Domingos Brazão, que estava suspenso.

O processo da Lava Jato ainda não acabou. No ano passado, Domingos Brazão entrou com um habeas corpus no STF querendo ser retirado da acusação de organização criminosa. Alegava que a única prova contra ele era a delação de outro conselheiro do TCE e de um filho. O ministro Nunes Marques negou e o processo segue.

Essa delação da Lava Jato segue válida e fundamentando um processo que ainda tramita na Justiça. Outra delação válida parece ser a que nem se oficializou, a de Ronnie Lessa. Fica uma dúvida sobre o que faz uma delação ser válida ou não para aqueles que ultimamente passaram a questionar todas as delações.

Voltemos a Domingos Brazão. Em 2018, ele foi um dos primeiros a ser ouvido como suspeito do caso Marielle. Em 2019, ele foi acusado de obstruir as investigações do caso Marielle. E quem acusou foi a então Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge. Permaneceu solto, apesar de responder concomitantemente ao outro processo da Lava Jato.

Agora chegamos ao ponto em que o extremismo político vai tentar transformar um caminhão de fatos em uma narrativa que beneficie seu ídolo político e prejudique o inimigo dele. O bolsonarismo já cravou que um petista matou Marielle. O petismo já cravou que um miliciano matou Marielle.

Talvez consigam novamente reduzir um caso grave a essa obsessão em torno dos deuses políticos nacionais. Não estão falando de impunidade, de uma comédia de erros, do crime entranhado no poder. Estão reafirmando que seu ídolo político é imaculado, foi injustiçado e o outro lado é muito mau. Portanto, tem de adorar o ídolo e, se rechaçar populismo, é linha auxiliar do outro lado, o do inferno. Isso interessa aos psiquiatras, psicólogos sociais e políticos, por razões diferentes. Não interessa ao povo.

Ao povo interessa saber se o Brasil começará algum dia a punir poderosos ou se a pena deles é sempre temporária e ao sabor da política. O crime já aprendeu como se entranhar no poder. Precisamos aprender a desentranhar.

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