Caso da janela do avião mostra um Brasil cansado de vitimismo e gente folgada
Ele é um símbolo de algo maior: uma sociedade que, aos poucos, perde a paciência com os excessos de uma lógica que prioriza a autopiedade e a falta de responsabilidade
O episódio da janela no avião e a reação das pessoas ao caso vão muito além de uma simples disputa por um assento. O que vimos foi um grito coletivo contra o comportamento de quem acredita que o mundo deve sempre se curvar aos seus caprichos. A defesa massiva e espontânea da mulher que apenas ocupava o lugar que lhe foi designado no voo é um reflexo de algo maior: a exaustão com a falta de noção, com a insistência de quem acha que tem apenas direitos e nenhum dever.
Uma criança exigia o assento específico de outra passageira e não parava de chorar. Foi filmada para ser jogada à execração pública enquanto se manteve firme e calada. Educar dá trabalho. Explicar a uma criança que ela deve se sentar no lugar indicado, que algumas coisas são inegociáveis, exige esforço. É muito mais fácil transferir essa responsabilidade para a empatia alheia, como se fosse obrigação do mundo lidar com as frustrações de quem não quer educar para a convivência.
A lógica do “eu sou vítima” parece ter se tornado uma regra social. É o que Jonathan Haidt descreve tão bem em The Coddling of the American Mind: uma geração que acredita que qualquer ofensa ou contrariedade é inaceitável.
Essa mentalidade não só incentiva a fragilidade emocional, mas também fomenta comportamentos oportunistas, como o de quem usa o papel de vítima para avançar sobre os direitos dos outros. No caso do avião, isso ficou evidente quando a mãe, convicta de que tinha razão, decidiu filmar a passageira e expô-la publicamente. A reação, no entanto, foi inesperada: a sociedade, cansada de tanto vitimismo, ficou do lado da mulher que apenas ocupava o lugar que lhe pertencia.
Todos nós já passamos por situações assim. Gente que ignora limites, que confunde empatia com subserviência, que exige que o mundo se adapte aos seus desejos enquanto se recusa a cumprir os próprios deveres. Esse comportamento, cada vez mais comum, não só desgasta quem está ao redor como gera uma sensação crescente de cansaço coletivo. Estamos todos exaustos dessa cultura de direitos sem deveres, desse apelo constante ao “ganhar no grito”.
O caso da janela do avião não é isolado. Ele é um símbolo de algo maior: uma sociedade que, aos poucos, perde a paciência com os excessos de uma lógica que prioriza a autopiedade e a falta de responsabilidade. A reação contundente dos brasileiros demonstra que há limites para a vitimização. Talvez seja hora de lembrar que, além de direitos, convivemos também com deveres. E que o respeito às regras, às vezes tão simples quanto sentar no assento indicado, é o primeiro passo para uma convivência mais saudável.
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Comentários (10)
lui
07.12.2024 16:50Falou e disse, Madeleine.
MARCEL SILVIO HIRSCH
07.12.2024 10:04A criança é mal educada. Pior que ela, os pais. A mãe pelo comportamento e o pai pela inércia perante a situação.
EUD
07.12.2024 09:30Falar Em Direitos, Só Direitos, Traz Muitos Votos. Tantos Quantos Seriam Suficientes Para Eleger E Perpetuar VAGABUNDOS No Poder. "AJUDE Sempre ALGUÉM A Levantar Sua CARGA, JAMAIS A CARREGUE" Frase Da Direita Clássica, Que Significa Que Cada Um Tem Suas Responsabilidades. Já Imaginaram Uma Equipe De Futebol, Em Que 6 Jogadores, Fizessem Tudo Para Ganhar, Enquanto Os Outros 5 Ficassem Passeando Pelo Campo ??? Chega De Coitadismo Faça O Seu Melhor, Seja ÚTIL, E Não Necessite DE Esmola !!!!!!!!!!!!
Marcelo José Dias Baratta
07.12.2024 04:27Lamentavelmente, a cultura do exigir direitos sem contrapartida se impregnou no inconsciente coletivo, graças a uma ideia socialista a muito difundida na sociedade (O Estado tem obrigação de me dar alimento, casa, roupa, saúde, transporte e mais, sem que eu precise retribuir de alguma maneira); essa cultura também contagiou o mundo religioso, já assisti em algumas igrejas evangélicas e até católicas, pregações onde se enfatizava um comportamento pautado pelo exigir de Deus os seus direitos. Essas coisas reforçam no subconsciente uma atitude arrogante e prepotente, é algo, creio, muito bem planejado e arquitetado, com a finalidade de criar uma legião de parasitas e sangue-sugas sociais. Há um custo efetivo imposto à sociedade por tudo isso, fica mais caro se viver assim, aí tem a finalidade de proporcionar mais desigualdade social por entre s conviventes, aliado a um comportamento equivocado de pais e educadores que agem e deseducam com fundamento nesses conceitos (acham que estão fazendo o certo, mas não estão, estão na verdade formando cidadãos psicologicamente doentes e dependentes). Se há algo difícil de se mudar, é a cultura de um povo.
Caetano da Rocha Braga
06.12.2024 23:51A moça agiu com perfeição ! Não podemos mais tolerar esse tipo de gente mal educada e prepotente.
Maglu Oliveira
06.12.2024 23:32Sandra, a mãe afirmou q a filha de 12 anos não filmou, foi um adulto. Mas isso ñ importa. Ela contou q já estava estressada pq a Gol, q tem obrigação legal, ñ arrumou um lugar na frente do avião pro filho dela que é cadeirante. Ela estava tentando resolver essa situação do filho cadeirante qdo o mimado começou a berrar. A mulher já estava sobrecarregada de problemas e explodiu. Mas como ninguém tem nada a ver com os problemas dela, não é certo ela descarregar em estranhos. Agora terá mais problemas ainda pois será processada por postar imagens da moça sem sua permissão e terá que aprender a educar o filho para que ele não se torne uma pessoa insuportável. Todo mundo sabe que quem não aprende em casa apanha na rua.
Sandra
06.12.2024 22:14Paulo Cesar, quem filmou foi uma outra filha dessa "mãe" sem noção. E nem podem chamar de mãe, afinal, nem pra educar os filhos ela serviu
Sandra
06.12.2024 22:13Essa "mãe" sabia que não tinha razão, só achou que gritando e expondo a dona do assento ela ficasse envergonhada e cederia o lugar. E fez mais que certo a dona do lugar, quem quer escolher um lugar pra sentar que compre a passagem pro lugar que quer, e com bastante antecedência, pra poder ter escolha.
Paulo CEzar Da Silva Pontes
06.12.2024 20:44Não estou defendendo a mae da criança mimada, mas quem gravou e ficou falando no vídeo foi uma esquerdinha q quis lacrar… essa é q tem q sofrer as acoes na justiça
FRANCISCO JUNIOR
06.12.2024 20:20A reportagem do Estadão traz detalhes que dá mais ênfase ao vitimismo injustificado. (1) o vídeo não foi gravado pela mãe, mas por outra passageira que não tinha relação com o caso (2) algum familiar da criança tinha assento em outra janela, mas a criança queria somente aquela janela.