Bolsonaristas e marcianos
Na semana em que Lula roubou a cena ao se casar com Janja numa suntuosa cerimônia em São Paulo, Jair Bolsonaro tratou de recuperar os holofotes com a visita de Elon Musk, anunciando um programa de internet rápida para 19 mil escolas rurais e 'monitoramento real' da Amazônia...
Na semana em que Lula roubou a cena ao se casar com Janja numa suntuosa cerimônia em São Paulo, Jair Bolsonaro tratou de recuperar os holofotes com a visita de Elon Musk, anunciando hoje cedo um programa de internet rápida para 19 mil escolas rurais e ‘monitoramento real’ da Amazônia.
O sistema Starlink, de Musk, tem sido fundamental para a resistência ucraniana à invasão russa. Mas a simpatia demonstrada por Bolsonaro ao tirano Vladimir Putin não entrou na pauta, naturalmente.
Ainda assim, o presidente e sua turba de ministros não perderam a oportunidade de nos provocar certa vergonha alheia, postando nas redes selfies com o homem mais rico do mundo. Musk se esforçou para sorrir, mas parecia meio deslocado no ambiente.
Para o visionário que quer colonizar Marte, o evento desta manhã, que contou até com a presença de ministro do Supremo e de um insuspeito banqueiro, certamente teve sabor de experimento antropológico.
Mas, assim como a colonização marciana e o humanoide com cérebro de Twitter, o projeto para conectar escolas ainda parece ser apenas um projeto. Nenhum documento, nem mesmo um memorando de intenções, foi assinado hoje. Nenhuma estimativa de valor foi divulgada. Pareceu mesmo um comício eleitoral com tintas de programa de auditório. Suco de bolsonarismo.
Uma pesquisa no Diário Oficial da União traz as licenças que a Starlink já recebeu do Ministério das Comunicações e da Anatel para operar no Brasil. Nada além disso.
A primeira foi uma autorização, concedida ainda em 2021, para a Starlink Brazil Serviços de Internet explorar serviços de telecomunicações em geral, por prazo indeterminado, em todo o território nacional.
O Conselho Diretor da Anatel também conferiu à Space Exploration Holdings LLC, representada pela Starlink Brazil Holding Ltda, o direito de exploração de sistema de satélites não geoestacionários até 2027.
No início deste ano, a Starlink Brazil também recebeu autorização para operar temporariamente equipamentos de radiocomunicação em São Paulo, Rio, Minas Gerais e Paraná.
Na prática, a empresa de Musk já está autorizada a atuar no mercado brasileiro de telecomunicações. Tanto que, em março, ela passou a anunciar seu serviço mensal de internet (R$ 530), fornecido a partir do chamado ‘kit Starlink’, cujo custo chega a R$ 3 mil. Em seu site, a empresa alerta que a instalação pode levar até 6 meses.
Pelo visto, as escolas terão que esperar.
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