Augusto de Franco na Crusoé: Moraes salvou a nossa democracia?
O escritor afirma que o STF combateu os golpistas de direita, mas nada fez para frear os “erosistas” da esquerda
Não há mais dúvida de que Jair Bolsonaro e seus comparsas, civis e militares, tinham intenção golpista (à moda antiga mesmo, com tropas nas ruas). No entanto, é muito duvidoso se suas tentativas de desfechar um golpe ou um autogolpe, se tivessem se concretizado, seriam bem-sucedidas, com a instalação de uma ditadura militar de extrema direita no Brasil. Não é assim que funciona na atualidade, sobretudo em países complexos, com instituições democráticas funcionando.
Não foi assim o caminho de autocratização percorrido pela Hungria de Orbán, nem pela Turquia de Erdogan, para não falar das investidas autoritárias de Trump nos EUA. Hungria, Turquia, EUA e Brasil não são Mianmar, nem Sudão.
Em sociedades complexas o processo de autocratização ocorre por erosão democrática progressiva (o que estava em curso durante todo governo Bolsonaro, desde 2019 e não apenas nas articulações alopradas de final do governo e na manifestação cenográfica do 8 de janeiro de 2023, cosplay do 6 de janeiro de 2021 americano, o nosso famoso “capimtólio“). Mas isso demora. Nesse caminho (o da erosão democrática), o Brasil não viraria uma ditadura da noite para o dia.
Além disso, não há uma única ameaça à nossa democracia. Temos golpistas (populistas de extrema-direita) e “erosistas” (populistas de esquerda). Os golpistas querem dar um golpe de mão para destruir as instituições democráticas. Os “erosistas” querem ocupar as instituições e controlá-las, colocando-as a serviço de um líder ou partido, usando a democracia para promover a erosão da democracia.
A erosão democrática não é promovida apenas pelos populistas de direita radical, como Orbán, Erdogan, Trump e Bolsonaro. Também contribuíram para ela os populistas de esquerda, como Hugo Chávez (que acabou ensejando a conversão do regime venezuelano em uma ditadura, com Maduro) e continuam contribuindo Obrador (México), Petro (Colômbia), Evo e Arce (Bolívia), Xiomara (Honduras), Widodo (Indonésia), Ramaphosa (África do Sul) e Lula (Brasil) que estão se alinhando às maiores ditaduras do planeta (Rússia, China, Irã etc.) contra as democracias liberais.
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