Abandonem o incapaz
Jair Bolsonaro teve um infarto passeando de jetski no Guarujá e foi levado às pressas ao Albert Einstein? Ou estaria numa sala de cirurgia incomunicável para operar nova hérnia incisional? Versões semelhantes a essas, mas sobre Lula, foram espalhadas pelos bolsonaristas nas redes quando o petista desapareceu na semana passada -- estava em lua-de-mel na Bahia. As fake news foram todas rebatidas com fatos incontestáveis, inclusive imagens em tempo real do ex-presidente em conversas com Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, além de ministros do Supremo e com seu gabinete de transição. Ressuscitado politicamente, Lula confirma seu tesão juvenil pelo poder e já costura com o Legislativo e o Judiciário os acordos necessários para garantir a governabilidade a partir de 2023...
Jair Bolsonaro teve um infarto passeando de jetski no Guarujá e foi levado às pressas ao Albert Einstein? Ou estaria numa sala de cirurgia incomunicável para operar nova hérnia incisional? Versões semelhantes a essas, mas sobre Lula, foram espalhadas pelos bolsonaristas nas redes quando o petista desapareceu na semana passada — estava em lua-de-mel na Bahia. As fake news foram todas rebatidas com fatos incontestáveis, inclusive imagens em tempo real do ex-presidente em conversas com Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, além de ministros do Supremo e com seu gabinete de transição. Ressuscitado politicamente, Lula confirma seu tesão juvenil pelo poder e já costura com o Legislativo e o Judiciário os acordos necessários para garantir a governabilidade a partir de 2023.
Na prática, exerce o mandato de forma antecipada, diante da absoluta omissão de Bolsonaro, que parece ter abandonado a cadeira presidencial, assim como o Ministério da Defesa abandonou os ‘bolsonaristas de rua’ que sonhavam, ao relento, com um relatório bombástico cheio de provas sobre fraudes nas urnas. Ontem, conversei com vários de seus ainda ministros e todos se sentem de alguma forma abandonados pelo presidente, que vai deixando passar a chance histórica de articular uma oposição consistente ao PT, considerando as amplas bancadas eleitas no Congresso. Era visível o constrangimento de Lira ontem ao posar com Lula na saída da residência oficial da Câmara. Como revelei semanas atrás, o deputado imaginava a formação de um bloco (ou até uma federação) de partidos de centro-direita capazes de pautar a agenda de reformas e inviabilizar o projeto de poder lulista. Sem apoio, cuida agora de garantir sua sobrevivência política.
Na política profissional, o pragmatismo fala mais alto. Gilberto Kassab, que reelegeu o bolsonarista Ratinho Jr no Paraná e fez o vice do bolsonarista Tarcísio de Freitas em São Paulo, já negociou com Lula a reeleição de Rodrigo Pacheco para o comando do Senado. Luciano Bivar, do PSL que Bolsonaro entregou de mão beijada, também acena para o petista. Valdemar Costa Neto, por sua vez, anunciou que fará oposição, mas metade da bancada do PL, a mesma que foi eleita pelas mãos do atual presidente, está disposta a ir para o colo de Lula. Enquanto isso, parlamentares bolsonaristas, que sofrem de insuperável preguiça mental, fazem circo nas redes sociais, em vez de trabalharem no Legislativo contra a tão falada venezuelização do país. Não sei quem aconselha Bolsonaro ou se ele ouve conselho de alguém, mas seu ‘luto eleitoral pela perda da Presidência’ apenas confirma a miopia política de quem poderia estar, neste momento, dividindo as manchetes com Lula e ajudando a equilibrar a balança de poder.
O melhor que a centro-direita pode fazer, caso queira continuar existindo politicamente, é abandonar o bolsonarismo e trilhar seu próprio caminho.
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