A dama paulista e o chuchu com sabor
No xadrez da eleição presidencial, o estado de São Paulo é a dama. Maior colégio eleitoral do país, é nele que os movimentos estratégicos de Lula se concentram. Ele plantou na imprensa, com a ajuda do amigo Gabriel Chalita, que Geraldo Alckmin (foto) poderia ser o seu vice na chapa presidencial, se o ex-governador for para o PSB. Quem faz parte do jogo diz que a chance é zero: Alckmin até conversou com Lula, mas não abriria mão de concorrer ao governo de São Paulo, numa disputa em que é franco favorito, segundo as pesquisas de que dispõe...
No xadrez da eleição presidencial, o estado de São Paulo é a dama. Maior colégio eleitoral do país, é nele que os movimentos estratégicos de Lula se concentram. Ele plantou na imprensa, com a ajuda do amigo Gabriel Chalita, que Geraldo Alckmin (foto) poderia ser o seu vice na chapa presidencial, se o ex-governador for para o PSB. Quem faz parte do jogo diz que a chance é zero: Alckmin até conversou com Lula, mas não abriria mão de concorrer ao governo de São Paulo, numa disputa em que é franco favorito, segundo as pesquisas de que dispõe. Com essa jogada de atrair Geraldo Alckmin, Lula tiraria o principal oponente de Fernando Haddad ao Palácio dos Bandeirantes, território jamais ocupado pelo PT, e ainda levaria a sua própria candidatura presidencial mais para o centro, a fim de vencer resistências de parte do eleitorado. A ver se a chance de o ainda tucano formar chapa com Lula é zero mesmo. De qualquer forma, Lula foi esperto ao aproximar-se do chuchu. Porque agora o chuchu tem sabor.
Geraldo Alckmin ainda está dividido entre ir para o PSD, de Gilberto Kassab, e a União Brasil, essa hidra que nasceu da fusão entre DEM e PSL. O PSB também está no páreo. A hidra tem mais dinheiro para despejar numa campanha, e Gilberto Kassab apoiaria Geraldo Alckmin do mesmo jeito, se ele escolhesse a União Brasil. Mas quem Geraldo Alckmin apoiaria no segundo turno da eleição presidencial? Como o chuchu agora tem sabor, ou parece ter, ele deverá influenciar nas decisões das siglas que estão na sua órbita.
A aposta neste momento é que, se Lula e Bolsonaro forem para o segundo turno, o petista será o beneficiado, com Geraldo Alckmin ajudando a vencer resistências na União Brasil e no PSD. Mas, se o candidato a concorrer contra o petista for Eduardo Leite (na hipótese de ele vencer as prévias tucanas, evidentemente) ou Rodrigo Pacheco, o presidenciável de Gilberto Kassab, Geraldo Alckmin ficaria com o tucano ou o com o presidente do Senado. E se o vencedor das prévias do PSDB for João Doria? Aí, Lula estaria como pinto no lixo — e o PSB poderia papar o chuchu.
Quanto a Sergio Moro, a única forma de ele superar as barreiras políticas em São Paulo — e também no resto do Brasil — é conseguir desde logo uma larga vantagem nas pesquisas de intenção de voto. Se Geraldo Alckmin ressuscitou, então tudo é possível. Resta ver também se a ressurreição do chuchu não será efêmera: uma aliança, seja em que nível for, com Lula parece difícil de engolir para os eleitores antipetistas mais à direita do PSDB. Mas o antibolsonarismo pode falar mais alto.
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