Tribunal russo condena ativista dos direitos humanos, Oleg Orlov
Quando o veredito foi anunciado, Orlov piscou para sua esposa e disse: “Tania, você me prometeu!”, parecendo pedir para ela não chorar
Por criticar reiteradamente a ofensiva militar russa na Ucrânia, o opositor de Vladimir Putin e ativista dos direitos humanos foi transferido para uma colônia penal.
O dissidente Oleg Orlov, figura da defesa dos direitos humanos na Rússia, foi condenado terça-feira 27 de fevereiro, a dois anos e meio de prisão por um tribunal de Moscou devido às suas denúncias críticas à ofensiva militar russa na Ucrânia.
“O tribunal decidiu considerar Orlov culpado e impor uma pena de dois anos e seis meses numa (…) colônia penal”, disse o juiz no seu veredito, segundo um jornalista da AFP presente na audiência.
Quando o veredito foi anunciado, Orlov piscou para sua esposa e disse: “Tania, você me prometeu!”, parecendo pedir para ela não chorar.
Quem é Oleg Orlov?
Várias dezenas de seus apoiadores compareceram ao tribunal para apoiar Orlov, que tinha 70 anos e era um dos últimos críticos do Kremlin que não estava atrás das grades ou exilado no exterior.
Veterano do Memorial, ONG co-vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2022 e dissolvida pela justiça russa, Orlov denunciou no seu último discurso na segunda-feira “o estrangulamento da liberdade” na Rússia e “a entrada de tropas russas na Ucrânia”.
O Memorial, organização internacional de defesa dos direitos humanos da qual Orlov fazia parte, estabeleceu-se como um pilar fundamental da sociedade civil russa, preservando a memória das vítimas da repressão comunista e fazendo campanha contra as violações de direitos.
A organização foi oficialmente dissolvida pelas autoridades russas no final de 2021 e ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2022, junto a um importante grupo de direitos humanos ucraniano e um veterano ativista bielorrusso.
“Não me arrependo de nada”
Mesmo enquanto outros ativistas fugiam da repressão crescente, Orlov permaneceu na Rússia, onde disse ser “mais útil” do que no exterior. Ele afirmou à AFP que sua carreira dedicada à memória histórica dos crimes soviéticos e dos abusos de direitos na Rússia moderna — especialmente no norte do Cáucaso — não lhe deu outra escolha a não ser fazer campanha contra a ofensiva na Ucrânia.
“Não me arrependo de nada”, disse ele, que denunciou também a morte, em 16 de fevereiro, do opositor Alexeï Navalny na sua prisão no Ártico, que descreveu como “assassinato” e apelou à oposição russa para “não perderem a coragem”.
Em outubro de 2023, no final de um primeiro julgamento, Oleg Orlov havia sido considerado culpado por ter “desacreditado” o exército e foi condenado a pagar uma multa, um veredito muito brando numa Rússia que se habituou a encarcerar detratores do poder. A sentença havia sido solicitada pela promotoria, mas ela mudou de ideia e recorreu.
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