Suécia quer proibir burca em locais públicos
Ebba Busch diz que Islã deve “se adaptar”; governo cita falhas graves na integração de imigrantes
A vice-primeira-ministra da Suécia, Ebba Busch, líder dos Democratas Cristãos, anunciou que defenderá um banimento nacional do uso de burcas e niqabs em locais públicos.
Ela afirmou que o Islã “deve se adaptar na Suécia” e que o país precisa “acordar de sua ingenuidade” diante do islamismo político.
O projeto será votado no congresso nacional do partido em novembro e prevê a proibição das vestimentas em ruas, praças, lojas e unidades de saúde.
Busch sustenta que o uso do niqab e da burca reflete interpretações autoritárias do Islã, incompatíveis com a cultura sueca e a igualdade entre homens e mulheres.
Disse que “a burca não pertence à Suécia” e citou dados oficiais que apontam 250 mil jovens vivendo sob controle de honra e 70 mil mulheres vítimas de mutilação genital.
Segundo a vice-primeira-ministra, a medida é necessária para “reverter anos de ingenuidade” nas políticas de imigração e integração.
O primeiro-ministro Ulf Kristersson declarou que o governo está “preocupado com relatos de mulheres forçadas a se cobrir” em áreas marcadas por isolamento social e influência religiosa crescente.
A líder da oposição, Magdalena Andersson, dos Social-Democratas, também defendeu discutir a questão, chamando o véu integral de “expressão de opressão feminina”.
Há consenso de que a integração falhou em vários subúrbios, onde o desemprego e a dependência de assistência pública permanecem elevados.
Jimmie Åkesson, dos Democratas da Suécia, partido que dá sustentação ao governo, elogiou a proposta.
Ele defende há anos uma proibição total e chegou a propor a demolição de mesquitas. O avanço dessa pauta consolida a virada política do país, que tenta responder ao impacto da imigração em massa.
Entre 2015 e 2023, a Suécia recebeu mais de 600 mil refugiados, segundo o serviço de migração. Autoridades de segurança alertam que o fracasso da integração alimenta redes islamistas e dificulta a aplicação das leis nacionais.
A Suécia se juntaria a países que já restringiram o véu integral, como França, Bélgica, Áustria, Dinamarca e Suíça. O Tribunal Europeu de Direitos Humanos considerou essas leis compatíveis com a “coabitação social”.
Na Itália, o partido Irmãos da Itália, da primeira-ministra Giorgia Meloni, apresentou um projeto semelhante neste mês, alegando combater o “separatismo cultural islâmico”.
Organizações islâmicas locais afirmam que o veto seria discriminatório e ameaçam contestar a lei se for aprovada.
Pesquisas da Universidade de Uppsala mostram, porém, que 85% dos suecos consideram o uso da burca inaceitável e 81% rejeitam o niqab.
Estima-se que 8% da população do país, cerca de 800 mil pessoas, tenham origem muçulmana.
O debate na Suécia se insere em um movimento mais amplo de redefinição de fronteiras culturais na Europa.
Como advertiu Samuel Huntington no clássico O choque de civilizações, a linha de tensão entre o Ocidente e o Islã não é apenas religiosa, mas política e social — e os países que falharem em integrar imigrantes conforme seus próprios valores enfrentarão conflitos duradouros entre comunidades e Estado.
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