Rússia: jornalista russo-americana Alsu Kurmasheva é condenada
A jornalista, que residia em Praga antes da sua detenção com o marido e duas filhas adolescentes, tinha ido à Rússia visitar a sua mãe doente em 20 de maio de 2023, mas não conseguiu sair, tendo os seus passaportes americano e russo sido confiscados
A jornalista russo-americana Alsu Kurmasheva foi condenada na sexta-feira, 19 de julho, a seis anos e meio de prisão por decalrações sobre o exército russo na Ucrânia, disse esta segunda-feira, 22, a justiça russa, que não anunciou a realização do julgamento.
Normalmente, mesmo em casos julgados à porta fechada, a audiência do veredicto é anunciada antecipadamente pelos tribunais. Este não foi o caso, segundo pessoas próximas da jornalista.
O veredicto provocou indignação na Radio Free Europe, Radio Liberty, um meio de comunicação financiado pelos Estados Unidos desde a era da Guerra Fria e agora sediado em Praga.
“Farsa de justiça“
“Este julgamento e condenação secretos são uma farsa de justiça. A única conclusão justa seria a libertação imediata de Alsou”, respondeu Stephen Capus, presidente da RFR/RL.
O marido da jornalista, Pavel Butorin, também denunciou sexta-feira, 22, no X o “segredo” imposto pela justiça russa sobre este caso, “embora Alsu não seja acusada de espionagem ou traição, a sua família não foi informada da data do julgamento nem das evidências da culpa de Alsu. Seus captores devem ter vergonha de divulgar qualquer informação relativa à acusação”, denunciou.
Alsu Kurmasheva foi, portanto, condenada no mesmo dia que o repórter norte-americano Evan Gershkovich, que recebeu 16 anos de prisão por acusações sem fundamento de espionagem, tendo todo o procedimento sido classificado como secreto.
Presa por ser contra a guerra na Ucrânia
A jornalista foi presa na Rússia em outubro de 2023 durante viagem particular. Ela foi inicialmente acusada de não ter se registado como “agente estrangeiro”, um termo infame que impõe pesadas restrições administrativas às pessoas ou entidades envolvidas. Depois, ela também foi acusada de espalhar “informações falsas” sobre os militares russos, um crime punível com 15 anos de prisão.
A jornalista, que residia em Praga antes da sua detenção com o marido e duas filhas adolescentes, tinha ido à Rússia visitar a sua mãe doente em 20 de maio de 2023, mas não conseguiu sair, tendo os seus passaportes americano e russo sido confiscados. Alguns meses depois, ela foi presa.
Segundo a comunicação social russa, a acusação de divulgação de “informações falsas” apresentada contra ela está ligada à sua participação na publicação de um livro de testemunhos de russos contrários à ofensiva na Ucrânia.
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