Por anos homem guardou pedra enorme achando que era ouro, porém, era outra coisa ainda mais valiosa
Em uma região marcada pela corrida do ouro no século 19, um episódio chamou a atenção de geólogos e curiosos na Austrália.
Em uma região marcada pela corrida do ouro no século 19, um episódio ocorrido em 2015 chamou a atenção de geólogos e curiosos na Austrália.
Durante uma prospecção em Maryborough Regional Park, próximo a Melbourne, um pesquisador amador encontrou uma rocha incomum: pesada, avermelhada e incrivelmente resistente.
O que parecia ser mais um possível “tesouro” enterrado em solo histórico acabou ganhando outro significado, bem distante das minas tradicionais: anos depois, a rocha seria identificada como o raro meteorito Maryborough, um fragmento espacial com bilhões de anos de história.
O que torna o meteorito Maryborough tão especial
A principal característica que diferencia o meteorito Maryborough de uma rocha terrestre comum é a combinação entre peso elevado, aspecto metálico e superfície esculpida.
Essas marcas externas, chamadas de marcas de fusão, surgem quando o material atravessa a atmosfera em alta velocidade e tem sua camada superficial derretida e moldada pelo atrito com o ar.
Os estudos indicam que o meteorito tem cerca de 4,6 bilhões de anos, idade aproximada do próprio Sistema Solar. Com cerca de 17 quilos, ele foi classificado como um H5 condrito comum, rico em ferro e com côndrulos minerais que preservam informações sobre as primeiras fases de formação de corpos rochosos.
Por que o meteorito Maryborough é considerado mais valioso que o ouro
Embora Maryborough seja conhecida pela ligação histórica com a mineração de ouro, o meteorito de Maryborough se destacou por ser muito mais raro do que os famosos pepitas da região.
Enquanto milhares de fragmentos de ouro já foram catalogados, apenas 17 meteoritos foram oficialmente registrados no estado de Vitória até hoje, e esse exemplar está entre os maiores condritos encontrados ali.
Para a ciência, o valor desse tipo de material está menos relacionado ao aspecto financeiro e mais à quantidade de dados que pode fornecer.
Meteoritos funcionam como “amostras gratuitas” do espaço, ajudando a investigar a origem do Sistema Solar, a composição de asteroides e as condições que favoreceram a formação de planetas rochosos, além de, em alguns casos, trazerem moléculas orgânicas simples, associadas aos estágios iniciais da vida.
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De onde veio o meteorito Maryborough
Os pesquisadores apontam que o meteorito Maryborough provavelmente se originou da região do cinturão de asteroides, localizada entre as órbitas de Marte e Júpiter.
Colisões entre corpos rochosos teriam liberado fragmentos menores, que foram gradualmente desviados de suas órbitas até entrarem em rota de colisão com a Terra.
Estimativas sugerem que o meteorito pode ter chegado ao solo terrestre entre 100 e 1.000 anos atrás, com base em métodos de datação e registros de possíveis quedas de meteoros na região.
O fato de ter permanecido tanto tempo sem ser identificado reforça a resistência do material e a dificuldade de diferenciar certas rochas espaciais de pedras comuns.
The incredible true story of the Maryborough rock, which turned out to be far more important than one man ever dreamed. Let @spacewithspo explain!
— ScienceAlert (@ScienceAlert) November 28, 2025
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Como identificar possíveis meteoritos no dia a dia
A história do meteorito Maryborough levanta a dúvida sobre quantas rochas atípicas podem estar em quintais, pastos ou terrenos baldios sem que se saiba que vieram do espaço.
Para orientar observadores curiosos, especialistas em geologia e astronomia apontam alguns indícios práticos que podem sugerir origem meteórica, ainda que a confirmação exija análise laboratorial.
- Peso acima do esperado: meteoritos metálicos costumam ser bem mais pesados do que pedras comuns de mesmo tamanho.
- Superfície com “marcas de fusão”: pequenas cavidades, ondulações e aparência derretida sugerem passagem pela atmosfera em alta velocidade.
- Atração por ímã: muitos meteoritos, especialmente os ricos em ferro, são fortemente magnéticos.
- Ausência de cristais visíveis: em geral, meteoritos não apresentam cristais grandes ou brilhantes típicos de alguns minerais terrestres.
- Crostas escuras: uma fina casca de fusão, de tom escuro, pode cobrir a parte externa do fragmento.

Qual é a importância científica de meteoritos como o de Maryborough
O estudo do meteorito Maryborough e de outros condritos permite reconstruir parte da história química do Sistema Solar.
Ao analisar as proporções de ferro, níquel, silício e outros elementos, os cientistas estimam condições de temperatura, pressão e composição que existiam há bilhões de anos, quando poeira e pequenas rochas orbitavam o Sol primitivo.
Alguns meteoritos contêm ainda o chamado “pó de estrelas”, formado antes mesmo da criação do Sistema Solar atual, com assinaturas isotópicas que revelam como gerações anteriores de estrelas produziram elementos químicos.
Casos como o do meteorito Maryborough mostram como esses fragmentos fornecem amostras antigas, ajudam a entender impactos, fusão parcial de materiais e podem contribuir para modelos sobre a chegada de água e compostos orgânicos à Terra primitiva.
- Permitir o estudo da origem e evolução do Sistema Solar.
- Revelar a composição interna de asteroides e corpos rochosos primitivos.
- Indicar processos físicos, como fusão parcial e impactos sucessivos.
- Fornecer amostras de material antigo sem a necessidade de missões espaciais complexas.
- Contribuir para modelos sobre como água e compostos orgânicos chegaram à Terra primitiva.
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