Pogrom foi “alimentado por palavras irresponsáveis”, diz Lottenberg a Crusoé
Fernando Lottenberg, comissário da OEA para o monitoramento e combate ao antissemitismo, fala sobre ataque a judeus em Amsterdã, na Holanda
Torcedores israelenses do time Maccabi Tel Aviv sofreram ataques violentos após partida contra o Ajax, em Amsterdã, na Holanda. Várias pessoas se feriram e foram hospitalizadas.
O pogrom ocorreu na véspera da Noite dos Cristais. Em 9 de novembro de 1938, nazistas incendiaram sinagogas, destruíram estabelecimentos de judeus e assassinaram cerca de 100 pessoas.
Crusoé conversou com Fernando Lottenberg, comissário da Organização dos Estados Americanos (OEA) para o monitoramento e combate ao antissemitismo.
Como explicar mais esse pogrom contra judeus em pleno século 21?
Essas coisas sempre acontecem dentro de um contexto. Durante muito tempo, as autoridades foram permitindo manifestações antissemitas e anti-israelenses em universidades americanas, em Londres e em Paris. Os estudantes empunhavam cartazes pedindo coisas como ‘a globalização da intifada’. Nas redes sociais, muitas ameaças foram proferidas. Ontem, eles concretizaram essas palavras de ordem.
Houve negligência?
Claro. Eventos desse tipo não acontecem de uma hora para outra. Esse pogrom foi organizado ao longo de dias. E as autoridades foram pegas de surpresa, totalmente passivas. Houve tolerância com as pessoas que diziam palavras de ordem contra judeus, e as palavras costumam ser seguidas de atos. E ainda teve essa coincidência triste, porque isso ocorreu na véspera da Noite dos Cristais, que se deu em 9 de novembro.
Essa leniência das autoridades tem sido uma constante no mundo?
Sim, e é isso que explica alguns eventos, como a interrupção de um debate na Universidade Federal do Ceará por pessoas que se diziam defensores do grupo terrorista Hamas, no final de outubro. Também vimos atitudes parecidas nos ataques a uma vendedora judia em Arraial d’Ajuda, na Bahia. Logo depois do atentado do 7 de outubro, milhares de pessoas perseguiram judeus em um aeroporto no Daguestão, na Rússia. Governantes e políticos do Brasil e de outros países deveriam sempre ser cautelosos e responsáveis em suas declarações, para não incitar coisas desse tipo. Esse pogrom foi organizado e alimentado…
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